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EX-NAMORADOS... UMA AMEAÇA CONSTANTE

Posted by Clenio on 21:18 in

Situação número 1 - Ele conheceu um homem mais velho e, mesmo que não fizesse o seu tipo, achou que era melhor lhe dar uma chance, afinal, dizem por aí, "não custa nada experimentar". Foi bom, se deram bem e no dia seguinte o tal cara iria viajar - show da Beyoncé em Florianópolis (soooooo cliché, but anyway...). Dois dias depois recebeu um torpedo carinhoso - "Tocou Alanis Morissette no show e lembrei de você." O rapaz se animou, afinal poderia ser que a solução era realmente dar chance a pessoas com mais experiência e segurança. Marcaram de se encontrar quando ele voltasse, em dois dias. Os dias passaram. O rapaz mandou um torpedo convidando para uma baladinha e teve de volta a bela notícia: "Estou voltando pro meu ex-namorado!"

Situação número 2 - Ele achava o rapaz meio cheio demais de si pra aguentar, mas não é que aquela noite ele estava interessante? Algumas pinãs coladas de um lado e algumas taças de champagne de outro, começaram a conversar. O "cheio de si" tinha apenas a aparência de alguém que se achava superior aos outros. Confessou que estava de olho no rapaz há anos, que sabia quase tudo sobre sua vida, seus projetos, suas amizades... Apresentou-o a sua amiga e ouviu-o dizer que adora namorar, que é um homem sério, advogado, coisa e tal... O beijo era bom, e nos dias seguintes o rapaz chegou a preferir que ele lhe ligasse, ao invés daquele outro, que tem como "o amor de sua vida". Loucura das loucuras: chegou a desconfiar que poderia se apaixonar de novo e chegou a perder noites de sono pensando na possibilidade de um novo amor. Extremo máximo de exposição, chegou a ir a um bilhar vê-lo cantar - sim, ele cantava bem, apesar do repertório um tanto cafona - e apresentou-o a outros amigos. Estava nas nuvens, com a luz de um novo amor brilhando em seu firmamento (parece letra de pagode romântico, mas era consequência do final de semana surreal a que sujeitou-se). Alguns dias depois, com certa saudade, resolveu tomar uma atitude e mandou um recado, convidando para um programinha. Recebeu um torpedo: "Bah, foi mal, voltei pro meu namorado!" Sim, aquele ex-namorado que estava no bilhar e que, segundo palavras dele mesmo "não tinha mais nada a ver!"

Essas duas situações - reais e recentes - serviram pra me fazer questionar seriamente um ponto que volta e meia volta à tona em conversas com amigos: qual a real força de um ex? Segundo palavras sábias de uma grande amiga, "voltar pra ex é relaxamento!!". Concordo em gênero, número e grau. Voltar com ex-namorados é um retrocesso sem tamanho, mesmo porque muitas vezes isso acontece por puro comodismo. As pessoas tem medo de se jogar em relações outras, normalmente tão difíceis - e julgar, quem há de? - e acabam preferindo um relacionamento morno, sem maiores novidades, mesmo que elas não tragam mais a felicidade e os arrepios que um namoro novo proporciona. Seguindo esse mesmo raciocínio, temos que reconhecer que um namorado antigo tem certas vantagens: sabemos seus defeitos, aproveitamos suas qualidades, temos histórias a lembrar, normalmente conhecemos sua família... Fim de namoro não é das coisas mais fáceis do mundo, mesmo um namoro curto, e o conforto que um relacionamento fixo concede ao casal conta muitos pontos naqueles momentos de solidão que atingem qualquer pessoa normal. Nesses momentos de crise, o que é mais fácil, tentar encontrar alguém e recomeçar toda aquela ladainha de um novo amor ou manter o que já deu certo?

Mas se deu certo, por que acabou? Aí é que entra minha dúvida. Quando um namoro acaba é porque chegou a um ponto onde um dos dois membros do casal - ou até mesmo os dois, às vezes - percebeu que não rola mais. Existem milhares de motivos pro final de um relacionamento: traição, tédio, diferença de temperamentos, fim da paixão, distância, só pra citar os mais comuns. E vamos e venhamos: nenhuma dessas situações - talvez a distância, mas só talvez - muda com o tempo e se muda é pra pior. Se uma relação não deu certo antes não vai ser depois de uma reconciliação que vai dar. As pessoas não mudam. Podem tornar-se mais tolerantes, menos ciumentas, mais esforçadas, mas a sua essência vai permanecer a mesma e depois de um curto período de tempo as brigas vão voltar, a crise vai retornar e um novo e mais doloroso final vai acontecer. Tudo bem, nada dura pra sempre, mas se vamos sofrer as dores de um processo como o de uma separação não seria mais inteligente sofrer por uma pessoa nova? Sofrer mais de uma vez pela mesma criatura me soa como burrice insuperável. E envolver mais gente nesse processo de preguiça sentimental é provavelmente uma das mais cruéis e imperdoáveis ações que alguém pode cometer.

O rapaz que foi trocado duas vezes por ex-namorados de seus pretendentes? Também ele tinha seu ex. E não era um ex qualquer. Era O ex, aquele por quem era capaz de mover montanhas, cometer assassinatos, roubar bancos e ignorar todo e qualquer vestígio de auto-estima. Pra ele, uma reconciliação com esse ex seria não só justificável mas o mais justo depois de anos de sofrimento. Não seria, em sua opinião, uma volta por comodismo e sim por puro e verdadeiro amor. E até mesmo ele chegou à conclusão - antes tarde do que nunca - de que passado é coisa de museu. Não quer se juntar ao grupo dos preguiçosos. Prefere ser do time daqueles que buscam uma felicidade real, ainda que normalmente ela pareça existir somente pros outros.

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