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PAUL NEWMAN - UMA VIDA
Posted by Clenio
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12:48
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LITERATURA
Pródiga que é em criar astros problemáticos, estrelas escandalosas e personalidades cujo talento maior é aparecer em manchetes sensacionalistas, Hollywood de vez em quando consegue forjar atores de verdade, donos de personalidades fortes mas jamais fúteis e um dom natural para conquistar público e crítica por bem mais do que um simples verão lucrativo. Um desses raros seres que realmente mereceram o título de ídolo se chamava Paul Newman, e a biografia "Paul Newman, uma vida", de Shawn Levy (Ed. Agir) apenas reitera o que todo mundo já sabia faz tempo por trás de um ator de grande talento havia também - e talvez principalmente - um marido apaixonado, um filantropo dedicado e um homem comum fascinado por velocidade, além de um empresário dos mais bem-sucedidos do ramo alimentício.
Nascido em 1925 e morto em 2008, Newman teve uma vida cheia, conforme o relato detalhado e bem-escrito de Levy. O livro conta como sua vida pessoal interferiu em suas escolhas profissionais - em especial após a morte do único filho homem, Scott, de overdose de drogas, aos 28 anos - e de que forma Newman, dono dos olhos azuis mais cobiçados da história do cinema, preferia o automobilismo ao cinema. Narra a história de amor, respeito e companheirismo com a atriz Joanne Woodward - um casamento que teve seus momentos de crise, sim, mas que sobreviveu imponente às intempéries hollywoodianas. Explica como sua carreira artística não era nada de especial comparada com as inúmeras instituições filantrópicas criadas por ele - colônias de férias para crianças com câncer, doações milionárias de toda a renda de sua marca de molhos de salada, criação e manutenção de salas de teatro. E principalmente retrata Paul Newman, o ídolo, o ator, o símbolo sexual, como um homem comum, que preferia uma caixa de cervejas e um belo hamburguer a qualquer festa de gala da indústria cinematográfica.
Aliás, é a indústria em si que sofre os maiores golpes através da escrita de Levy. Ao contar as brigas entre Newman em busca da excelência de seu trabalho - adepto do Método do Actors Studio, ou seja, fascinado pelo mergulho nas personagens que fazia e fã de períodos de ensaios, ele não aceitava qualquer papel ou qualquer diretor - o biógrafo mostra as engrenagens por trás do studio system e as formas encontradas por Newman e alguns colegas (Steve McQueen, Barbra Streisand, Robert Redford) de manter-se à margem da busca desenfreada por bilheterias milionárias. Até mesmo seu desdém por premiações - e o Oscar tardio em 1986 - não soa arrogante através dos olhos do escritor, e sim uma prova a mais de que o eterno Butch Cassidy tinha os pés bem mais fincados no chão do que muitos companheiros de profissão.
Quando chega-se ao final de "Paul Newman, uma vida" fica nítido o tamanho do Homem Paul Newman. Como ator ele influenciou gerações. Como símbolo sexual encantou homens e mulheres. Como corredor de automobilismo surpreendeu pelo talento tardio. Como filantropista ajudou milhares de pessoas. Mas é como mito - ainda que extremamente humano e verdadeiro - que ele fica na memória do leitor. Um caráter admirável em meio a uma fogueira de vaidades quase sempre mesquinha e auto-centrada.
Nascido em 1925 e morto em 2008, Newman teve uma vida cheia, conforme o relato detalhado e bem-escrito de Levy. O livro conta como sua vida pessoal interferiu em suas escolhas profissionais - em especial após a morte do único filho homem, Scott, de overdose de drogas, aos 28 anos - e de que forma Newman, dono dos olhos azuis mais cobiçados da história do cinema, preferia o automobilismo ao cinema. Narra a história de amor, respeito e companheirismo com a atriz Joanne Woodward - um casamento que teve seus momentos de crise, sim, mas que sobreviveu imponente às intempéries hollywoodianas. Explica como sua carreira artística não era nada de especial comparada com as inúmeras instituições filantrópicas criadas por ele - colônias de férias para crianças com câncer, doações milionárias de toda a renda de sua marca de molhos de salada, criação e manutenção de salas de teatro. E principalmente retrata Paul Newman, o ídolo, o ator, o símbolo sexual, como um homem comum, que preferia uma caixa de cervejas e um belo hamburguer a qualquer festa de gala da indústria cinematográfica.
Aliás, é a indústria em si que sofre os maiores golpes através da escrita de Levy. Ao contar as brigas entre Newman em busca da excelência de seu trabalho - adepto do Método do Actors Studio, ou seja, fascinado pelo mergulho nas personagens que fazia e fã de períodos de ensaios, ele não aceitava qualquer papel ou qualquer diretor - o biógrafo mostra as engrenagens por trás do studio system e as formas encontradas por Newman e alguns colegas (Steve McQueen, Barbra Streisand, Robert Redford) de manter-se à margem da busca desenfreada por bilheterias milionárias. Até mesmo seu desdém por premiações - e o Oscar tardio em 1986 - não soa arrogante através dos olhos do escritor, e sim uma prova a mais de que o eterno Butch Cassidy tinha os pés bem mais fincados no chão do que muitos companheiros de profissão.
Quando chega-se ao final de "Paul Newman, uma vida" fica nítido o tamanho do Homem Paul Newman. Como ator ele influenciou gerações. Como símbolo sexual encantou homens e mulheres. Como corredor de automobilismo surpreendeu pelo talento tardio. Como filantropista ajudou milhares de pessoas. Mas é como mito - ainda que extremamente humano e verdadeiro - que ele fica na memória do leitor. Um caráter admirável em meio a uma fogueira de vaidades quase sempre mesquinha e auto-centrada.