3
UM NOVO DESPERTAR
Posted by Clenio
on
19:34
in
EM DVD 2011
Atriz respeitada e cineasta bissexta, Jodie Foster é um dos nomes de maior prestígio e confiabilidade dentro da indústria hollywoodiana. Inteligente e sensível, é uma das poucas atrizes que dispensam notícias na mídia para manter-se sempre em evidência, mesmo que de vez em quando entre em um período sábatico que priva o espectador de sua presença. Tendo tudo isso em vista não deixa de ser surpreendente que ela tenha escolhido justamente "Um novo despertar" para marcar seu retorno à cadeira de diretora - depois do delicado "Mentes que brilham" (92) e do leve "Feriados em família" (96). Dono de uma trama um tanto quanto surreal, o filme co-estrelado por ela e por seu amigo Mel Gibson naufragou nas bilheterias - muito devido às polêmicas do astro, envolvido em violência doméstica - e dividiu a crítica. Mas, apesar da bizarrice da ideia central - e de um certo ar de autoajuda - é um filme que merece uma conferida, principalmente devido à delicadeza com que Foster comanda o espetáculo.
Mel Gibson está bem na pele de Walter Black, o executivo de uma fábrica de brinquedos que, segundo a brilhante sequência inicial, está passando por uma séria depressão. Seu casamento com Meredith (Jodie Foster, discreta em seu papel quase coadjuvante) está na corda bamba e seu relacionamento com o filho adolescente Porter (o ótimo Anton Yelchin) não é o que pode ser chamado de saudável - o rapaz passa os dias listando suas semelhanças com o pai, na tentativa de extirpá-las de si. Uma noite, depois de uma bebedeira por ter se separado da mulher, ele encontra o fantoche de um castor e, conversando com ele, descobre uma nova maneira de encarar a vida. Exigindo que todos que o rodeiam passem a se comunicar com o animal - inclusive seus empregados e a própria família - ele não apenas descobre um novo sentido para a vida (??) como tira a empresa da crise financeira e criativa pela qual esta passava. Ao mesmo tempo, logicamente, preocupa todos à sua volta, inclusive a mulher e o filho mais velho, que, por sua vez, está envolvido com a problemática colega de escola Norah (Jennifer Lawrence), que tenta lidar com a morte trágica do irmão.
Não deixa de ser irônico que Foster - estrela de filmes barra-pesada como "Taxi driver", "Acusados" e "O silêncio dos inocentes" - seja tão delicada em seus trabalhos como diretora. Em "Um novo despertar", é seu olhar carinhoso e sensível que transforma uma fábula surreal e quase boba em um filme não apenas plenamente assistível mas também capaz de emocionar aos mais sensíveis (e aqueles que entrarem no clima da trama um tanto absurda). É notável também o talento da atriz em conduzir seus atores - em especial os jovens Anton Yelchin e Jennifer Lawrence, cuja história de amor retratada no filme dá sentido ao roteiro e a seus clichês. A própria Foster brilha mesmo em um papel relativamente pequeno e Mel Gibson está convincente em um papel difícil que quase foi parar nas mãos de Steve Carrell e Jim Carrey, o que, com certeza, acentuaria o tom cômico da história - que torna-se, em determinado momento, bastante sombria.
"Um novo despertar" é um filme curioso, criado por gente extremamente talentosa. Certamente não é um filme que vai agradar a todo mundo - principalmente devido a seu tema - mas não deixa de ser honesto e alto-astral (e que faz um belo uso da melancólica "(Exit music) for a film", da banda inglesa Radiohead em uma cena crucial). Jodie Foster é uma diretora que tem muito a dizer, mas ainda não nos presenteou com sua obra-prima.
Mel Gibson está bem na pele de Walter Black, o executivo de uma fábrica de brinquedos que, segundo a brilhante sequência inicial, está passando por uma séria depressão. Seu casamento com Meredith (Jodie Foster, discreta em seu papel quase coadjuvante) está na corda bamba e seu relacionamento com o filho adolescente Porter (o ótimo Anton Yelchin) não é o que pode ser chamado de saudável - o rapaz passa os dias listando suas semelhanças com o pai, na tentativa de extirpá-las de si. Uma noite, depois de uma bebedeira por ter se separado da mulher, ele encontra o fantoche de um castor e, conversando com ele, descobre uma nova maneira de encarar a vida. Exigindo que todos que o rodeiam passem a se comunicar com o animal - inclusive seus empregados e a própria família - ele não apenas descobre um novo sentido para a vida (??) como tira a empresa da crise financeira e criativa pela qual esta passava. Ao mesmo tempo, logicamente, preocupa todos à sua volta, inclusive a mulher e o filho mais velho, que, por sua vez, está envolvido com a problemática colega de escola Norah (Jennifer Lawrence), que tenta lidar com a morte trágica do irmão.
Não deixa de ser irônico que Foster - estrela de filmes barra-pesada como "Taxi driver", "Acusados" e "O silêncio dos inocentes" - seja tão delicada em seus trabalhos como diretora. Em "Um novo despertar", é seu olhar carinhoso e sensível que transforma uma fábula surreal e quase boba em um filme não apenas plenamente assistível mas também capaz de emocionar aos mais sensíveis (e aqueles que entrarem no clima da trama um tanto absurda). É notável também o talento da atriz em conduzir seus atores - em especial os jovens Anton Yelchin e Jennifer Lawrence, cuja história de amor retratada no filme dá sentido ao roteiro e a seus clichês. A própria Foster brilha mesmo em um papel relativamente pequeno e Mel Gibson está convincente em um papel difícil que quase foi parar nas mãos de Steve Carrell e Jim Carrey, o que, com certeza, acentuaria o tom cômico da história - que torna-se, em determinado momento, bastante sombria.
"Um novo despertar" é um filme curioso, criado por gente extremamente talentosa. Certamente não é um filme que vai agradar a todo mundo - principalmente devido a seu tema - mas não deixa de ser honesto e alto-astral (e que faz um belo uso da melancólica "(Exit music) for a film", da banda inglesa Radiohead em uma cena crucial). Jodie Foster é uma diretora que tem muito a dizer, mas ainda não nos presenteou com sua obra-prima.