SUPER 8
"Super 8" se passa em 1979, em Lillian, Ohio, uma pequena cidade americana que se parece exatamente com os subúrbios de "ET" e "Poltergeist". É lá que vive o pequeno Joe Lamb (o sensacional Joel Courtney), que acaba de perder a mãe em um trágico acidente de trabalho. Filho de Jackson Lamb (Kyle Chandler, um Robert Forster mais jovem), Joe tenta superar a tristeza ajudando seu melhor amigo Charles (Riley Griffiths) a realizar um filme em super-8, um thriller sobre mortos-vivos. Especialista em maquiagem e efeitos especiais, Joe é peça fundamental na equipe do parceiro, que acaba de convidar a bela Alice Dainard (Elle Faning) a juntar-se à trupe. Durante uma filmagem noturna, o grupo (formado ainda por outros quatro colegas) testemunha um espetacular acidente de trem que desencadeia na cidade uma sucessão de acontecimentos bizarros (os cães desaparecem, a eletricidade vai e volta e pessoas somem sem deixar vestígios). A história se complica quando Charles descobre que sua câmera continuou filmando apesar do desastre e a dupla de pré-adolescentes descobre que tudo foi causado por um ser alienígena que, ao que parece, tem contas a acertar com a Força Aérea que invade o local (liderados por Noah Emmerich).
Uma das maiores diversões de "Super 8" é tentar descobrir elementos em comum entre o filme em si e a filmografia referencial de Spielberg (ainda que o próprio Abrahams diga que foi quase tudo inconsciente). Basta prestar atenção que muita coisa pode ser percebida (o protagonista solitário, os rituais de passagem, a violência inofensiva e até o final que resvala no clichê melodramático). Mas ainda assim o novo filme do cineasta que deu vida nova à "Jornada nas Estrelas" tem uma personalidade própria, que o impede de ser considerado uma cópia ou apenas uma homenagem competente. Abrahams tem domínio narrativo, sabe sustentar o suspense, é exímio diretor de atores (o elenco infantil é fabuloso) e, melhor ainda, não trata o público como bobo (coisa que outros filmes produzidos por Spielberg recentemente, como "Transformers", faz explicitamente). Além do mais, dá bons sustos na plateia e apresenta um desastre de trem filmado de maneira impressionante, capaz de fazer cair o queixo do mais blasé dos espectadores.
"Super 8" é uma sessão da tarde às antigas, para reunir os amigos e assistir comendo pipoca. Até se estende mais do que deveria, mas é um oásis de criatividade perto das bobeiras que o cinema adolescente anda produzindo. E não deixa de ser também muito engraçado assistir - durante os créditos finais - o filme de zumbis criado por Charles e Joe. Às vezes é bom voltar à infância cinematográfica.