0
A GUERRA ESTÁ DECLARADA
Posted by Clenio
on
22:42
in
CINEMA 2012
A questão: como fazer um filme sobre um assunto tão pesado e triste quanto
câncer infantil não soar melodramático e depressivo. A solução: buscar na própria experiência a força para contar sua história equilibrando a tensão da situação com uma trilha sonora adequada, um roteiro sem sentimentalismos e um romantismo esperançoso. Foi assim que Valérie Donzelli conseguiu realizar “A guerra está declarada”, representante oficial da França para o Oscar 2012 – mas que não conseguiu ficar entre os finalistas. Co-escrito por Donzelli e seu ex-marido Jérémie Elkaim (que também interpretam os papéis centrais) seu filme consegue o raro feito de, mesmo discorrendo sobre doenças, hospitais e tratamentos médicos, ser um sopro de leveza e modernidade – mesmo que utilize de forma nada disfarçada elementos clássicos da nouvelle vague.
O filme começa quando os jovens Romeo (Elkaim) e Juliette (Donzelli) se conhecem em uma boate e se apaixonam, não sem antes rir da coincidência trágica de seus nomes. Felizes, bonitos e apaixonados, eles logo em seguida se casam, engravidam e tem o seu esperado bebê, Adam. Quando o menino, aparentemente perfeito, chega aos 18 meses, os problemas começam. Preocupados com alguns sintomas apresentados pelo filho, eles procuram uma médica, que, após vários exames, lhes dá a terrível notícia: o garoto tem um tumor no cérebro e, apesar de uma cirurgia ser plenamente viável, o tratamento será longo, doloroso e dispendioso. Contando com a ajuda dos amigos e das famílias, o casal entra, então, em um caminho sofrido que vai testar também a força de seu relacionamento.
Felizmente a jovem diretora – que escreveu o roteiro baseada na história real da doença de seu filho Gabriel, que teve com o ator Jérémie Elkaim – não se permite a autocomiseração ou exageros sentimentais. Ainda que sua abordagem pareça fria em determinados momentos, ela prefere dar mais ênfase às tentativas do casal em manter a sanidade mental e romântica durante uma crise sem data para acabar do que a indigestas cenas de sofrimento infantil. Se por um lado peca ao dar a impressão de optar pelo visual em detrimento do emocional – e o filme tem belíssimas seqüências, cuidadosamente orquestradas – Donzelli se regenera quando consegue – através de pequenos gestos e olhares dos protagonistas – atingir o essencial no que se propõe: contar a história de amor de uma família. Juntos em cena, ela e Elkaim emocionam na medida certa, com uma química que só a real intimidade pode proporcionar.
“A guerra está declarada” é um filme com falhas, e elas são óbvias até para o mais distraído espectador. Mas é tão honesto e tão simpático que é difícil não se deixar envolver por suas boas intenções.
câncer infantil não soar melodramático e depressivo. A solução: buscar na própria experiência a força para contar sua história equilibrando a tensão da situação com uma trilha sonora adequada, um roteiro sem sentimentalismos e um romantismo esperançoso. Foi assim que Valérie Donzelli conseguiu realizar “A guerra está declarada”, representante oficial da França para o Oscar 2012 – mas que não conseguiu ficar entre os finalistas. Co-escrito por Donzelli e seu ex-marido Jérémie Elkaim (que também interpretam os papéis centrais) seu filme consegue o raro feito de, mesmo discorrendo sobre doenças, hospitais e tratamentos médicos, ser um sopro de leveza e modernidade – mesmo que utilize de forma nada disfarçada elementos clássicos da nouvelle vague.
O filme começa quando os jovens Romeo (Elkaim) e Juliette (Donzelli) se conhecem em uma boate e se apaixonam, não sem antes rir da coincidência trágica de seus nomes. Felizes, bonitos e apaixonados, eles logo em seguida se casam, engravidam e tem o seu esperado bebê, Adam. Quando o menino, aparentemente perfeito, chega aos 18 meses, os problemas começam. Preocupados com alguns sintomas apresentados pelo filho, eles procuram uma médica, que, após vários exames, lhes dá a terrível notícia: o garoto tem um tumor no cérebro e, apesar de uma cirurgia ser plenamente viável, o tratamento será longo, doloroso e dispendioso. Contando com a ajuda dos amigos e das famílias, o casal entra, então, em um caminho sofrido que vai testar também a força de seu relacionamento.
Felizmente a jovem diretora – que escreveu o roteiro baseada na história real da doença de seu filho Gabriel, que teve com o ator Jérémie Elkaim – não se permite a autocomiseração ou exageros sentimentais. Ainda que sua abordagem pareça fria em determinados momentos, ela prefere dar mais ênfase às tentativas do casal em manter a sanidade mental e romântica durante uma crise sem data para acabar do que a indigestas cenas de sofrimento infantil. Se por um lado peca ao dar a impressão de optar pelo visual em detrimento do emocional – e o filme tem belíssimas seqüências, cuidadosamente orquestradas – Donzelli se regenera quando consegue – através de pequenos gestos e olhares dos protagonistas – atingir o essencial no que se propõe: contar a história de amor de uma família. Juntos em cena, ela e Elkaim emocionam na medida certa, com uma química que só a real intimidade pode proporcionar.
“A guerra está declarada” é um filme com falhas, e elas são óbvias até para o mais distraído espectador. Mas é tão honesto e tão simpático que é difícil não se deixar envolver por suas boas intenções.