2
A MULHER DE PRETO
Posted by Clenio
on
19:27
in
CINEMA 2012
Se é que dá para ter pena de alguém que é mundialmente famoso e tem muito mais dinheiro do que pode sonhar gastar em mais de uma encarnação, digo que tenho certa pena de Daniel Radcliffe. Ao mesmo tempo em que teve a extrema sorte de ser o escolhido para protagonizar uma das séries mais rentáveis da história do cinema - Harry Potter - o ator inglês de 22 anos vai ter que suar a camisa para deixar para trás a imagem icônica do bruxinho mais querido da literatura e do cinema. Sua primeira tentativa, o drama "Um verão para toda a vida", de 2007, foi ignorado. Sua estreia no teatro, com a famosa "Equus", causou polêmica. E agora ele tenta mais uma vez provar que não é ator de uma personagem só. Mesmo que "A mulher de preto" - seu novo passo nessa direção - não seja exatamente Shakespeare, já dá pra perceber que, se fizer as escolhas certas, o rapaz tem boas chances de deixar pra trás a criação de J.K. Rowling e fazer uma boa carreira.
Não que o filme de James Watkins seja assim tão genial ou revolucionário, muito pelo contrário. Mas, ao assumir todos os elementos indispensáveis ao gênero que se propõe a abraçar, a adaptação do romance de Susan Hill acaba sendo no mínimo interessante e bem superior às produções de terror acéfalas que não param de chegar aos cinemas. Recheado de névoas ameaçadoras, fantasmas assustadores e um clima que remete diretamente aos áureos tempos da Hammer (estúdio inglês especializado em filmes de terror), "A mulher de preto" prefere contar sua história a pregar sustos estéreis na plateia. Se por um lado afasta o público que lota salas para assistir a exorcismos pretensamente reais, por outro ganha uma credibilidade cada vez mais rara.
Radcliffe - apesar da pouca idade para o papel - vive Arthur Kipps, um jovem advogado ainda traumatizado com a morte da esposa, que não resistiu ao parto do filho. Com dificuldades de superar a perda mesmo depois de quatro anos, o rapaz é pressionado por seus superiores a viajar até um vilarejo no interior da Inglaterra para cuidar da venda de uma mansão que - ele descobre bem depois e de uma maneira nada agradável - tem fama de assombrada. O que lhe parecia apenas uma lenda, no entanto, lhe prova ser uma apavorante realidade e o espírito de uma mulher que suicidou-se no local depois da morte do filho pequeno passa a lhe ameaçar ferozmente.
Quem gosta de filmes de terror no estilo gótico (e que tem bagagem cinematográfica o bastante) talvez não veja muita novidade na forma correta mas nunca ousada com que Watkins (cujo único trabalho anterior é o pouco visto "Eden Lake", estrelado por Michael Fassbender em 2008) conduz seu filme. Elegante e sutil, ele até demora em começar a dar os sustos que o público espera, preferindo, ao invés disso, estabelecer o clima sombrio e os elementos de sua trama. Quando ela realmente inicia, porém, o cineasta não se vexa a provocar a audiência com tudo aquilo que se espera de um bom filme de terror: a partir daí são aparições repentinas de espectros descarnados, músicas arrepiantes, sustos em cada cômodo e uma coleção de brinquedos dos mais sinistros do cinema recente. Mas a questão é: isso tudo é suficiente para fazer de "A mulher de preto" um bom filme?
Sim e não. Quem for ao cinema sem maiores ambições além de levar uma boa meia dúzia de sustos é capaz de gostar, sim. Quem for fã de Daniel Radcliffe idem (ele se sai relativamente bem em um papel difícil). Porém, quem espera um novo clássico do gênero ou alguma novidade temática ou estilística certamente sairá da sessão com expectativas frustradas. "A mulher de preto" é um filme bem realizado, sério e eficaz, mas a pressa que tem em determinados momentos (em momentos cruciais, diga-se de passagem) e a inexperiência de seu diretor o impede de ser grande cinema. Se não houver outra opção, até vale uma conferida.
Não que o filme de James Watkins seja assim tão genial ou revolucionário, muito pelo contrário. Mas, ao assumir todos os elementos indispensáveis ao gênero que se propõe a abraçar, a adaptação do romance de Susan Hill acaba sendo no mínimo interessante e bem superior às produções de terror acéfalas que não param de chegar aos cinemas. Recheado de névoas ameaçadoras, fantasmas assustadores e um clima que remete diretamente aos áureos tempos da Hammer (estúdio inglês especializado em filmes de terror), "A mulher de preto" prefere contar sua história a pregar sustos estéreis na plateia. Se por um lado afasta o público que lota salas para assistir a exorcismos pretensamente reais, por outro ganha uma credibilidade cada vez mais rara.
Radcliffe - apesar da pouca idade para o papel - vive Arthur Kipps, um jovem advogado ainda traumatizado com a morte da esposa, que não resistiu ao parto do filho. Com dificuldades de superar a perda mesmo depois de quatro anos, o rapaz é pressionado por seus superiores a viajar até um vilarejo no interior da Inglaterra para cuidar da venda de uma mansão que - ele descobre bem depois e de uma maneira nada agradável - tem fama de assombrada. O que lhe parecia apenas uma lenda, no entanto, lhe prova ser uma apavorante realidade e o espírito de uma mulher que suicidou-se no local depois da morte do filho pequeno passa a lhe ameaçar ferozmente.
Quem gosta de filmes de terror no estilo gótico (e que tem bagagem cinematográfica o bastante) talvez não veja muita novidade na forma correta mas nunca ousada com que Watkins (cujo único trabalho anterior é o pouco visto "Eden Lake", estrelado por Michael Fassbender em 2008) conduz seu filme. Elegante e sutil, ele até demora em começar a dar os sustos que o público espera, preferindo, ao invés disso, estabelecer o clima sombrio e os elementos de sua trama. Quando ela realmente inicia, porém, o cineasta não se vexa a provocar a audiência com tudo aquilo que se espera de um bom filme de terror: a partir daí são aparições repentinas de espectros descarnados, músicas arrepiantes, sustos em cada cômodo e uma coleção de brinquedos dos mais sinistros do cinema recente. Mas a questão é: isso tudo é suficiente para fazer de "A mulher de preto" um bom filme?
Sim e não. Quem for ao cinema sem maiores ambições além de levar uma boa meia dúzia de sustos é capaz de gostar, sim. Quem for fã de Daniel Radcliffe idem (ele se sai relativamente bem em um papel difícil). Porém, quem espera um novo clássico do gênero ou alguma novidade temática ou estilística certamente sairá da sessão com expectativas frustradas. "A mulher de preto" é um filme bem realizado, sério e eficaz, mas a pressa que tem em determinados momentos (em momentos cruciais, diga-se de passagem) e a inexperiência de seu diretor o impede de ser grande cinema. Se não houver outra opção, até vale uma conferida.