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UM MÉTODO PERIGOSO

Posted by Clenio on 02:56 in
Levando-se em consideração a obsessão do cineasta David Cronenberg pelo lado mais sombrio da mente humana - haja visto fikmes como "Gêmeos, mórbida semelhança" e "Crash, estranhos prazeres" - não era de se duvidar que, mais cedo ou mais tarde ele iria esbarrar com o pai da psicanálise em algum projeto. Esse dia chegou, e, por incrível que pareça, "Um método perigoso" - o resultado desse encontro - é um filme que, apesar do tema, é bastante diferente da filmografia pregressa de Cronenberg. Mas é muito interessante assim mesmo.

Baseado na peça teatral de mesmo nome escrita pelo roteirista Christopher Hampton - por sua vez inspirado no livro de John Kerr já publicado no Brasil - "Um método perigoso" não mostra todas as aberrações visuais dos filmes mais conhecidos do diretor, preferindo centrar-se nos diálogos inteligentes e nas neuroses dos protagonistas, todos eles de grande importância para a psicanálise como a conhecemos hoje em dia. Ao abdicar também da violência com que vinha trabalhando em seus últimos projetos - "Marcas da violência" e "Senhores do crime", ambos estrelados por Viggo Mortensen - Cronenberg demonstra uma maturidade muito bem-vinda e uma segurança na direção de atores que justifica os elogios rasgados que o filme vem recebendo desde sua estreia no Festival de Veneza de 2011.

"Um método perigoso" conta o nascimento da psicanálise, através da relação entre Carl Jung (Michael Fassbender em outra atuação notável) e sua jovem paciente Sabina Spielrein (Keira Knigthley se equilibrando entre o exagero e a delicadeza), com a qual ele se permite utilizar um novo estilo de tratamento, ainda inédito então, no qual o médico busca a cura das psicoses (esquizofrenias e todas as variantes possíveis) através de longas e constantes conversas. O tratamento com Sabrina - jovem, bela, inteligente e que encontra prazer na violência física - acaba confundido Jung, que acaba se envolvendo sexualmente com ela, para desgosto de seu mentor, Sigmund Freud (Viggo Mortensen, indicado ao Golde Globe de ator coadjuvante).

Logicamente é um filme para leigos, o que de certa forma deixa a desejar em termos históricos ou médicos. O roteiro de Hampton - vencedor do Oscar pelo sensacional "Ligações perigosas" - se dedica muito mais às personagens e suas relações do que com suas consequências históricas, o que não deixa, no entanto de ser um assunto tão atraente quanto. O trio de atores centrais - todos em excelente momento - segura muito bem o desafio de viver personagens tão cruciais na história da Medicina (a própria Sabina tornou-se psicanalista depois de seu tratamento com Jung) e o ritmo pacífico imposto por Cronenberg serve muito bem ao estado de espírito da obra, um trabalho bastante sensível que merece ser conhecido.

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1 Comments


O filme é bom, mas o trabalho da Keira Knightley, mais uma vez, é difícil de aturar.

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