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INTOCÁVEIS

Posted by Clenio on 22:20 in
Filmes sobre pessoas com qualquer tipo de deficiência física ou mental normalmente esbarram no sentimentalismo típico de quem procura emocionar o espectador a qualquer custo. Felizmente exceções existem e uma delas se chama "Intocáveis", um filme francês que mal estreou em seu país de origem em novembro de 2011 e tornou-se a segunda maior bilheteria da história do país. Dirigido pela dupla Olivier Nakache e Eric Toledano, a história real da amizade entre dois homens de origens e personalidades opostas caminha também para abocanhar o Oscar de melhor produção estrangeira - foi o filme escolhido pela França para representá-la na cerimônia da Academia, em fevereiro próximo, deixando pra trás até mesmo o excepcional "Ferrugem e osso", estrelado por Marion Cottilard.

Se no filme de Jacques Audiard que foi aplaudidíssimo no último Festival de Cannes a bela Cottilard interpreta uma treinadora de baleias que sofre um acidente e perde as duas pernas, em "Intocáveis" é François Cluzot quem se vê preso a uma cadeira de rodas depois de um acidente de parapente que o deixou tetraplégico. Quando o filme começa, sua secretária Magalie (Audrey Fleurot) está procurando um enfermeiro que possa lhe cuidar em tempo integral - o que inclui cuidados médicos, companhia e todo tipo de ajuda física. Contra todas as possibilidades, quem agrada Philippe, o paciente (milionário e viúvo), é Driss (Omar Sy), um refugiado senegalês que até então vivia com sua numerosa família em um bairro humilde de Paris. A princípio ignorante de boa parte de suas atribuições, Driss acaba iniciando uma forte amizade com seu patrão, a quem ajuda inclusive a ir adiante em uma relação epistolar com uma mulher desconhecida. O bom-humor constante de Driss e seu carisma transformam o até então sisudo Philippe em um homem que volta a ter prazer na vida.

Tendo como trunfo principal a química extraordinária entre o veterano François Cluzot - de filmes de prestígio como "Ciúme, o inferno do amor possessivo", de Claude Chabrol - e o até agora desconhecido Omar Sy, "Intocáveis" foge habilmente das armadilhas do melodrama barato, concentrando-se no surpreendente senso de humor do roteiro, que em momento algum cede à tentação de procurar as lágrimas do espectador. Porém, se por um lado essa opção pelo viés mais humano da trama dá um ritmo mais leve à narrativa, o roteiro acaba por se tornar, em alguns momentos, um tanto superficial. Pouco se sabe a respeito da vida anterior de Phillipe e Driss - que só são brevemente explicadas em algumas linhas de diálogo - e até mesmo suas relações familiares são apenas pinceladas rapidamente (ainda que de forma bastante eficaz). Para sorte do público, no entanto, o roteiro (escrito pelos diretores) é ágil, tem um senso de ritmo invejável e dá a seus atores inúmeras possibilidades de explorar seu talento. E, mesmo que não force nada, é pouco provável que a audiência não se emocione com suas cenas finais.

Realizado para deixar o espectador com um sorriso nos lábios ao final da projeção - o que consegue sem muito esforço - "Intocáveis" é um filme raro. Emocionante, engraçado e que, mesmo falando de alguns temas de difícil digestão, jamais empurra exageros dramáticos para o colo de seu público. Não é à toa que Hollywood já está de olho grande querendo realizar um desnecessário remake. Falar de seres humanos de verdade é algo que a indústria americana ainda tem muita dificuldade.

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1 Comments


"Intocáveis" me surpreendeu muito. Achei que fosse ser aquele típico melodrama envolvendo a deficiência do personagem, mas foi totalmente o oposto. Não acho que seja uma obra-prima como ouvi várias pessoas dizerem, mas certamente é muito bacana.

Abraço,
Thomás
http://brazilianmovieguy.blogspot.com.br/

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