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MOONRISE KINGDOM

Posted by Clenio on 23:37 in
Não é todo mundo que gosta de Wes Anderson. Dono de um estilo único de filmar e bastante afeito a personagens que pairam acima do naturalismo que é moeda corrente na indústria hollywoodiana, o cineasta americano é queridinho da crítica mas ainda não tem nenhum enorme sucesso de bilheteria no currículo - e, a julgar pelos projetos que escolhe provavelmente nem tem intenções nesse sentido. Por outro lado, é inegável que justamente sua falta de compromisso com as caixas registradoras é que lhe permite ousadias narrativas como as que ele comete em seu novo filme, "Moonrise kingdom". Aparentemente uma história de amor adolescente, o sétimo longa de Anderson é, de longe, um dos mais criativos filmes do ano, dono de um visual arrebatador que torna absolutamente perdoável alguns momentos menos brilhantes.

Já fazendo parte da lista dos melhores filmes de 2012 - o que pode se refletir na próxima cerimônia do Oscar - "Moonrise kingdom" começa já mostrando que não é um filme comum, apresentando à audiência a forma com que a adolescente Suzy (Kara Hayward) vive sua rotina familiar. Única filha mulher de um casal de advogados (os sempre fabulosos Frances McDormand e Bill Murray, ator-fetiche do cineasta) que comandam a casa através de alto-falantes, a jovem sente-se extremamente solitária, o que acaba a aproximando - através de cartas tão contundentes quanto lacônicas - de outro adolescente desajustado, o órfão Sam (Jared Gilman). Frequentemente incomodado pelos colegas escoteiros - cujo líder é o atrapalhado Ward (Edward Norton) - Sam se apaixona por Suzy e, juntos, eles planejam uma fuga e uma vida à beira do mar, em uma cabana, cercados apenas pelos livros e discos da menina. Logicamente sua fuga cai como uma bomba, tanto na família aparentemente perfeita de Suzy quanto no acampamento de escoteiros de Sam. Todos se unem, então, para encontrar os jovens amantes.

É imprescindível, para que melhor se aproveite das delícias de "Moonrise kingdom", que se tenha plena consciência de que ele não é um filme como outro qualquer. Tudo na obra de Anderson - desde o roteiro repleto de diálogos quase surreais até as atuações anti-naturalistas, passando pelos cenários fascinantes - foge do convencional, do corriqueiro. Nem mesmo o romance entre Sam e Suzy é exatamente o que se espera de uma história de amor adolescente - o primeiro beijo entre eles é absurdamente estranho - e nem mesmo a subtrama que envolve o policial Sharp (Bruce Willis) com a mulher que ama soa desnecessária, dando ao ator uma cena bastante emocionante (ainda que seja preciso atenção para encontrar momentos nitidamente comoventes na anarquia organizada do diretor).

"Moonrise kingdom" é estranho. Mas, debaixo de sua estranheza, de sua excentricidade e de seu visual bizarro é também um belo filme a ser descoberto por aqueles que não se arriscam ao novo.

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Amigo, já assistiu "As vantagens de ser invisível"?

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