PARA MEU BEICINHO ELÉTRICO
Era uma vez um menino tímido e quieto que só se acalmava quando se enfiava debaixo da mesa, em uma barraquinha improvisada, para assistir a "Chaves" e "Castelo Rá-tim-bum". Esse mesmo menino, de cabelos negros e pele branquinha, filho único e solitário por natureza, não via nas outras crianças de sua idade a companhia ideal, preferindo utilizar seu tempo lendo, perdido em um mundo muito mais interessante do que brincadeiras comuns.
Esse mesmo menino - que para sua vergonha futura usava sungas cor de laranja que constrastavam com sua pele e seu cabelo - cresceu isolado das pessoas tidas com normais, mas que a ele pareciam aborrecidas e ordinariamente fúteis. Desmaiava em consultórios médicos, se traumatizava com as brigas domésticas e passou por mesas de cirurgia, provavelmente com o mesmo olhar triste mas nunca menos do que profundo e apaixonante.
Esse menino cresceu, obviamente. Mas sempre teve dentro de si, desde a mais tenra infância, uma personalidade além de sua idade. Lia muito, assistia a filmes, se dedicava a atividades distantes do esperado para sua faixa etária. Não era amigo de todo mundo, preferindo qualidade à quantidade. E cresceu desconfiado, não entregando sua confiança plena a quase ninguém - e quando isso acontecia as decepções eram tantas que era impossível não se fechar ainda mais.
Esse menino - apesar da pouca idade - é um nostálgico de coisas que nunca viveu. Adora seriados antigos - "A feiticeira" e "Star Trek" só pra citar alguns - e é viciado em filmes de Natal, apesar da data nunca ter dado a ele a oportunidade de uma noite realmente feliz. Adora reality shows musicais - celeiro de seu conhecimento a respeito das subcelebridades mais louvadas da música americana (ao menos por ele!). Adora ler, mas de vez em quando não consegue esconder que gosta de coisas sofríveis como "50 tons de cinza". É azedinho, é estressado, é mau-humorado e tem um olhar pessimista em relação ao mundo - a não ser quando pensa nos futuros filhos, Lucas e Bruno (um louro e o outro ruivinho) e em todos os pequenos detalhes que farão parte de sua vida.
Esse menino - hoje já um homem - é honesto, é íntegro, é uma das pessoas mais especiais do mundo. É capaz de arrancar sorrisos de outro mau-humorado crônico que vive a milhares de quilômetros mas que não consegue dormir sem ouvir sua voz e seu sotaque falando coisas que o sono torna sem sentido em muitas ocasiões. É carinhoso, é terno, é engraçado e dá a seu grande amor os melhores momentos do seu dia. E nem imagina o quanto importante se tornou...
Esse menino/homem está de aniversário hoje. E hoje, ainda mais do que em qualquer outro dia, merece todas as homenagens possíveis. Infelizmente, só o que posso oferecer agora é esse texto desajeitado e um tanto fora de contexto e a promessa de um encontro o mais rápido possível. E a afirmação de que ele nem desconfia do quanto já conquistou alguém que já tinha perdido todas as esperanças de um amor bem-sucedido...
Te amo, Manny. Te amo, Beicinho Elétrico. Te amo, Yodinha. Feliz aniversário!