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SELMA - UMA LUTA PELA IGUALDADE

Posted by Clenio on 20:43 in
Em um ano marcado por omissões escandalosas, indicações discutíveis e surpresas um tanto desagradáveis na lista de indicados ao Oscar - pensando bem, em qual ano isso não acontece? - talvez a questão mais debatida dentre os fãs de cinema e os ditos "especialistas de plantão" diz respeito à esnobada quase geral dada ao filme "Selma", que muitos julgavam merecedor de figurar entre os destaques da cerimônia do próximo dia 22. Mesmo indicada na categoria principal, a produção dirigida por Ava DuVernay não conseguiu conquistar os votos dos eleitores da Academia em outros páreos importantes, como direção (Ava seria a primeira mulher afro-americana a concorrer ao Oscar) e ator (David Oyelowo), o que acarretou uma interminável discussão sobre a falta de miscigenação racial na festa mais importante do cinema. Enquanto alguns creditavam a omissão à Paramount por não ter enviado cópias do filme aos eleitores a tempo da votação, outros não hesitavam em dizer que tudo não passava de racismo puro e simples por parte da Academia e de Hollywood em si. O que ninguém cogitou pensar é na possibilidade de o filme - apesar de suas inúmeras qualidades e importância histórica e social - não ser tão forte quanto os acontecimentos que retrata.

É lógico que "Selma" é infinitamente superior a aberrações demagógicas como "Sniper americano" e ao filme-fórmula "A teoria de tudo" - ambos sintomaticamente indicados na principal categoria mas também deixados de fora na briga por diretor - mas é muito provável que os fãs mais radicais do filme não percebam que, por trás de todas as emocionantes e chocantes cenas que mostram os confrontos raciais que sacudiram os EUA nos anos 60, por trás da performance discreta e convincente de David Oyelowo como Martin Luther King e por trás da força emocional da história contada, não existe um roteiro consistente a ponto de esconder o ritmo claudicante, os tempos mortos e, pior ainda, a edição pouco criativa. A cada sequência empolgante, que leva o espectador para dentro da história, como se fosse participante ativo do movimento social que está transformando um país - e por consequência, o mundo todo - existem várias outras sonolentas, que o afastam emocionalmente. Toda vez que Martin Luther King vai ao encontro do Presidente Lyndon Johnson (Tom Wilkinson) ou este debate a situação com o governador do Alabama, George Wallace (Tim Roth), o filme perde o pique. São momentos importantes para a ação, claro, mas que contrastam radicalmente com outros de grande intensidade dramática e que comprometem o ritmo do filme como um todo.

Quando DuVernay mostra ao espectador a violência a que os negros - e até mesmo os brancos que compravam sua briga - eram submetidos simplesmente porque lutavam pelo direito básico ao voto, seu filme cresce, se agiganta, emociona às lágrimas. Quando se dedica a mostrar a forma idealista de Luther King lutar contra o preconceito, sua obra se ilumina e inspira. Quando dá espaço a seus atores - em especial Oyelowo, Tim Roth e sua produtora Oprah Winfrey em pequena participação - brilharem, seu trabalho conquista. Mas ao final da sessão, quando a sensação de injustiça e revolta passam, não sobra muito mais. Falta a "Selma" aquele algo mais que faz de um bom filme um filme inesquecível. É forte, é intenso e é imprescindível historicamente. Mas não faz jus a toda a polêmica que criou em torno de suas duas indicações ao Oscar. Ser lembrado como um dos indicados a melhor filme do ano já é bom o bastante.

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1 Comments


Não assisti mas acho que existem alguns posts que são tão interessantes (ou talvez até mais) quando a gente não assistiu. Ajuda a decisão.

"Selma" (posso estar errado, claro) mas é o típico filme que verei já sabendo como vai ser e o que vou achar, e é isso que vai acontecer. Não tem outra forma de dizer.Talvez seja por isso que foi um dos poucos que não me interessei. Sei da importância dele e se vejo injustiças assim na minha frente compro a briga que nem minha é. (Ou é. Somos todos seres humanos, né.)

PS. ouvi a música do filme de novo e acredita que gostei? Só a parte que não é o John Legend que canta que acho chata.

Zukm.t
ppb
bjooooooooooo

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