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ALL I REALLY WANT
Tudo o que eu realmente quero? Quero um beijo que me faça levitar, um corpo que me complete, um cérebro que conecte com o meu.... quero dormir sem ter que pensar em nada além do sonho que virá. Quero comer chocolate, beber água de coco, assistir filmes que me enlouqueçam de prazer, ler palavras que me sacudam, ouvir músicas que me entendam.
Quero ter não um milhão de amigos, mas uma boa meia dúzia com quem eu possa realmente contar - e não preciso que eles me adulem ou divirtam, simplesmente, e sim que me vejam como eu sou e que sejam meus amigos assim mesmo. Quero suar de prazer, quero chorar de felicidade, quero rir até perder o fôlego. Quero dinheiro, sim, porque o mundo exige. Quero que as pessoas assistam às minhas peças, leiam meus textos, discutam comigo, troquem ideias, me dêem dicas de como levar a vida de maneira mais leve e menos perigosa.
Quero sexo. Mas não um sexo meia-boca, apenas para relaxar a tensão. Quero um sexo que me bambeie as pernas, que me deixe com a boca seca, com o coração acelerado e aquela vontade de morrer de tesão. Um sexo que me faça acreditar que sim, Deus existe e essa é a melhor maneira de chegar até ele.
Quero ar. Ar literal, pra respirar. Ar metafórico, para que eu possa respirar liberdade - de expressão, física, emocional - e devolver energia. Quero paz. De espírito, principalmente, mas também aquela paz de que o mundo também precia - não me farei de politicamente correto, mas alguém no mundo não a quer?
Quero amor. Amor de amigos, amor de família, amor, amor, amor... Mas principalmente o amor de alguém especial, que me faça perder o horário, que me faça corar, que me faça dançar na chuva, cantar Elton John e cagar pra tudo de errado que dá na minha vida e na dos outros. Quero acordar sorrindo e dormir feliz. Quero ter uma voz carinhosa dizendo que me ama e que essa mesma voz esteja sussurrando obscenidades no meu ouvido nos momentos certos.
Quero ser um amigo de verdade, aquele que ri, chora, xinga, dá conselhos e divide a cerveja pra brindar uma felicidade ou afugentar uma tristeza arrasadora. Quero aprender a conviver maduramente com o inevitável. Entender que a vida nem sempre é como a gente quer - quase nunca é, na verdade - e saber utilizar esses tombos pra me equilibrar melhor.
Quero deixar de enterrar a cabeça na areia quando tudo dá errado. Sair da cama pra dar a cara a bater, ter mais coragem de enfrentar a vida e as responsabilidades. Ter a minha idade de verdade, pelo menos quando é necessário. Quero nunca deixar de ser um tanto esquizofrênico, que se divide entre a cultura apropriada - Chico Buarque, Elis Regina, Frank Sinatra, Oscar Wilde, John Steinbeck, Machado de Assis - e a chanchada - Madonna, Meg Ryan, Gilberto Braga, Nick Hornby.
Não quero jamais parar de acreditar que o amor é que me empurra pra frente, mesmo quando aparenta justamente o contrário. Não quero parar de acreditar que as pessoas são genuinamente boas e solidárias, apesar de constantemente ser obrigado a encarar provas opostas. Jamais quero ter que dizer certas verdades doloridas, mesmo que seja exatamente isso que algumas pessoas precisam ouvir pra cair na real.
Sim, quero viver num mundo ideal, num mundo perfeito, em um mundo com céu de brigadeiro, gente bonita e sem culpa católica, financeira ou moral. E quem tiver coragem de ser feliz que me siga!