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FILMES QUE MUDARAM A MINHA VIDA - CLUBE DOS CINCO
Posted by Clenio
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17:08
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FILMES QUE MUDARAM A MINHA VIDA
CLUBE DOS CINCO (The Breakfast club, 1985) Direção e roteiro: John Hughes. Elenco: Emilio Estevez, Anthony Michael Hall, Judd Nelson, Molly Ringwald, Ally Sheedy, Paul Gleason
"We're all pretty bizarre. Some of us are just better at hiding it, that's all."
Quando se é adolescente qualquer probleminha vira uma desgraça absoluta. Isso nem é uma crítica e sim uma constatação, também já fui adolescente e sei como é (aliás, se eu pensar bem acho que minha porção adolescente vez ou outra volta a me atormentar). Ver a adolescência com meus olhos de hoje chega a me comover. Naquela época, tudo o que me preocupava - e a meus amigos e colegas - era ser aceito. Pela família, pelos amigos, pelo sexo oposto, pelos professores, pela sociedade em geral. Com o passar dos anos, o objetivo continua o mesmo, sempre, mas em esferas diferentes: no fundo, as pessoas nunca deixam de tentar PERTENCER, de mostrar seu valor, sua inteligência, sua beleza, sua espirituosidade... E é justamente sobre esse desejo premente de aceitação que fala um dos filmes mais marcantes da minha pré-adolescência, a obra-prima de John Hughes, o mestre do gênero: "Clube dos cinco".
Visto de um ponto de vista puramente cinematográfico/artístico/intelectual, a comédia dramática criada por Hughes beira o trivial: em uma escola de segundo grau, cinco adolescentes completamente diferentes entre si são obrigados a passar um sábado de castigo, por razões igualmente díspares. A princípio, o rebelde (Judd Nelson), a patricinha (Molly Ringwald), o CDF (Anhtony Michael Hall), o esportista (Emilio Estevez) e a esquisita (Ally Sheedy) nada tem em comum, exceto o fato de dividirem a mesma institução educacional. Conforme o dia vai passando, entretanto, as aparentemente sólidas diferenças entre eles vão se desvanecendo e, livres da pressão exercida sobre uma sociedade que exige a excelência em cada quesito da vida, eles descobrem uns aos outros e revelam toda a angústia escondida dentro de cada batom, agasalho de corrida, cigarros, silêncios e livros.
O roteiro de "O clube dos cinco" não foge de alguns clichês dos mais vergonhosos, mas a direção de Hughes e o carisma de seu elenco - formado por atores promissores que não fizeram muito por sua carreira posterior - elevam o produto final a uma deliciosa sessão de catarse juvenil, muitos anos-luz à frente dos conflitos pasteurizados de uma "Malhação", por exemplo. Os medos e ambições de suas personagens soam verdadeiros, reais, concretos e principalmente naquela época sombria onde tudo parecia uma ameaça à minha felicidade (exageros dramáticos de um pré-adolescente entediado com a vida) pareciam refletir com exatidão tudo que eu queria demonstrar mas não tinha nem coragem nem oportunidade.
Talvez os adolescentes de hoje em dia, acostumados com a velocidade das coisas e com a facilidade de comunicação proporcionada pelos ares liberais de um mundo globalizado - vejam bem, ainda falo de maneira geral - achem "Clube dos cinco" uma peça de museu, ou no máximo uma curiosidade cultural. Mas eu duvido que, entre aqueles que o assistiram nos anos 80, em plena efervescência hormonal e intelectual, não seja de emocionar ouvir os acordes iniciais da bela "(Don't you) Forget about me", que, na interpretação do Simple Minds marcou uma geração como uma tatuagem indelével.
AVISO: Essa seção não tem a menor intenção de reiterar escolhas de críticos ou babar ovo em cima das maiores bilheterias da história (aliás, bilheteria é o que menos importa aqui). Todos são filmes que, por um motivo ou outro fizeram da minha vida algo melhor, por razões mil. É uma lista bastante aleatória, democrática e os títulos que dela participam tem apenas uma coisa em comum: são filme que vi, revi, trevi e verei sempre que meu coração mandar.