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PAUL NEWMAN - UMA VIDA

Posted by Clenio on 12:48 in
Pródiga que é em criar astros problemáticos, estrelas escandalosas e personalidades cujo talento maior é aparecer em manchetes sensacionalistas, Hollywood de vez em quando consegue forjar atores de verdade, donos de personalidades fortes mas jamais fúteis e um dom natural para conquistar público e crítica por bem mais do que um simples verão lucrativo. Um desses raros seres que realmente mereceram o título de ídolo se chamava Paul Newman, e a biografia "Paul Newman, uma vida", de Shawn Levy (Ed. Agir) apenas reitera o que todo mundo já sabia faz tempo por trás de um ator de grande talento havia também - e talvez principalmente - um marido apaixonado, um filantropo dedicado e um homem comum fascinado por velocidade, além de um empresário dos mais bem-sucedidos do ramo alimentício.
Nascido em 1925 e morto em 2008, Newman teve uma vida cheia, conforme o relato detalhado e bem-escrito de Levy. O livro conta como sua vida pessoal interferiu em suas escolhas profissionais - em especial após a morte do único filho homem, Scott, de overdose de drogas, aos 28 anos - e de que forma Newman, dono dos olhos azuis mais cobiçados da história do cinema, preferia o automobilismo ao cinema. Narra a história de amor, respeito e companheirismo com a atriz Joanne Woodward - um casamento que teve seus momentos de crise, sim, mas que sobreviveu imponente às intempéries hollywoodianas. Explica como sua carreira artística não era nada de especial comparada com as inúmeras instituições filantrópicas criadas por ele - colônias de férias para crianças com câncer, doações milionárias de toda a renda de sua marca de molhos de salada, criação e manutenção de salas de teatro. E principalmente retrata Paul Newman, o ídolo, o ator, o símbolo sexual, como um homem comum, que preferia uma caixa de cervejas e um belo hamburguer a qualquer festa de gala da indústria cinematográfica.

Aliás, é a indústria em si que sofre os maiores golpes através da escrita de Levy. Ao contar as brigas entre Newman em busca da excelência de seu trabalho - adepto do Método do Actors Studio, ou seja, fascinado pelo mergulho nas personagens que fazia e fã de períodos de ensaios, ele não aceitava qualquer papel ou qualquer diretor - o biógrafo mostra as engrenagens por trás do studio system e as formas encontradas por Newman e alguns colegas (Steve McQueen, Barbra Streisand, Robert Redford) de manter-se à margem da busca desenfreada por bilheterias milionárias. Até mesmo seu desdém por premiações - e o Oscar tardio em 1986 - não soa arrogante através dos olhos do escritor, e sim uma prova a mais de que o eterno Butch Cassidy tinha os pés bem mais fincados no chão do que muitos companheiros de profissão.
 
Quando chega-se ao final de "Paul Newman, uma vida" fica nítido o tamanho do Homem Paul Newman. Como ator ele influenciou gerações. Como símbolo sexual encantou homens e mulheres. Como corredor de automobilismo surpreendeu pelo talento tardio. Como filantropista ajudou milhares de pessoas. Mas é como mito - ainda que extremamente humano e verdadeiro - que ele fica na memória do leitor. Um caráter admirável em meio a uma fogueira de vaidades quase sempre mesquinha e auto-centrada.

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INFERNO ASTRAL

Posted by Clenio on 13:56 in
Sim, eu acredito em inferno astral. O meu começou no dia do meu nascimento e vem se estendendo até os dias de hoje - e ao que parece, sem data de acabar. Estou simplesmente farto da minha vida, em todos os aspectos. Sei que já está cansando esse assunto recorrente, mas a cada dia que passa mais e mais tenho a absoluta certeza de que já deu o que tinha que dar. Chega, eu desisto! Toco o sino, aperto o botão vermelho, faço o que for preciso pra acabar com essa porcaria.
Detesto conversinhas pra boi dormir tentando me fazer ver o lado bom da vida! Da vida de quem?? Da minha? O que tem de bom em ser solitário, em ter consciência de que a maioria esmagadora das pessoas são menos do que medíocres, em não conseguir ter mais do que meras duas horas de paz por dia? Qual é o lado bom em sentir-se absolutamente desamado, sem atrativos, sem dinheiro, sem possibilidades de um futuro menos escuro e frustrado em praticamente todos os aspectos? O que tem de tão maravilhoso assim em saber que se é burro o suficiente a ponto de ter acreditado em pessoas que aparentemente tem outras prioridades na vida - MUITAS OUTRAS - do que você?
Em cinco dias é meu aniversário, e só o que ele me aponta são 365 dias a mais na minha lamentável existência. Não estou mais maduro, só mais velho. Não estou sábio, só amargurado. Não estou experiente, apenas desgastado. E pensar que outros doze meses vem pela frente até o próximo aniversário só me dá vontade de sentar na calçada e chorar lágrimas de esguicho...

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OS HOMENS QUE NÃO AMAVAM AS MULHERES

Posted by Clenio on 11:01 in
Fenômeno de vendas inclusive no Brasil, a trilogia policial "Millenium", do sueco Stieg Larsson não demorou a chegar aos cinemas. Seu primeiro capítulo, "Os homens que não amavam as mulheres", dirigido por Niels Arden Oplev e já tem uma versão americana engatilhada, a ser comandada pelo ótimo David Fincher, com o 007 Daniel Craig no papel central. A julgar pelo currículo de Fincher o remake tem tudo para ser superior ao original, uma vez que, apesar dos elogios rasgados da crítica, não passa de um filme de suspense que nunca ultrapassa a barreira do convencional e ainda é prejudicado pela absoluta falta de carisma de Noomi Rapace que vive a hacker Lisbeth Salander, um papel crucial na trama e que, ao contrário de despertar admiração na audiência apenas a afasta devido a sua antipatia.
Para quem não sabe do que se trata, "Os homens que não amavam as mulheres" começa quando o jornalista Mikael Blomkvist (Michael Nyqvist), às vésperas de cumprir pena por difamar um empresário, é procurado para investigar o desaparecimento de uma jovem de 16 anos, ocorrido décadas antes. Parte integrante de uma família numerosa e aparentemente cheia de segredos, a vítima simplesmente sumiu e cabe ao jornalista tentar encontrá-la. Para isso, ele conta com a ajuda da rebelde Lisbeth, que tem tanto talento para invadir segredos virtuais quanto para seduzir homens e mulheres. Juntos, eles embarcam numa investigação que mistura nazismo, violência sexual e passagens bíblicas e descobrem que ninguém está absolutamente acima de qualquer suspeita.

O maior problema da versão cinematográfica da obra de Larsson (que morreu antes da publicação dos livros que o deixariam milionário) é que o filme absolutamente não empolga. Nem mesmo as surpresas de seu final conquistam a plateia acostumada ao gênero. Não é um filme ruim, de jeito nenhum, mas também não o é um grande filme. Seu ritmo é quase hollywoodiano, sua produção é bem cuidada e tudo soa verossímil, mas mesmo assim, não dá liga. David Fincher com certeza fará melhor...
 
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JUNTOS PELO ACASO

Posted by Clenio on 11:35 in

Holly Berensen é a dona de uma pequena delicatessen e sonha em transformá-la em um restaurante. Eric Messer é diretor de transmissões de partidas de basquete. Ela é uma mulher que gosta das coisas em ordem, é organizada e romântica. Ele se veste de jeans, camiseta e boné, não se prende a nenhum relacionamento e utiliza sua moto como meio de transporte. Eles se detestam desde que se encontraram pela primeira vez, graças a um encontro às escuras promovidos por um casal de amigos em comum. Quando este casal morre em um trágico acidente de carro, a certinha Holly e o juvenil Messer são obrigados a cuidar de sua única filha - um adorável bebê de um ano de idade. Assustados com a responsabilidade, eles acabam aceitando viver na mesma casa e criá-la como se fossem seus pais.

Levando-se em consideração que roteiros de comédias românticas nunca são dos mais criativos e que a protagonista de "Juntos por acaso" é Katherine Heigl - que está se tornando uma espécie de especialista no gênero - não é preciso ser um estudioso de cinema para adivinhar, desde os créditos iniciais - ao som de Amy Winehouse - onde a história entre Holly e Messer vai parar. O que diferencia o filme de Greg Berlandi dos demais (mas nem tanto assim) é justamente o carisma de Heighl e sua química com Josh Duhamel (o sr. Fergie, demonstrando um bom timing cômico). Bonitos e carismáticos, eles conquistam a plateia logo de cara e transformam "Juntos pelo acaso" em uma divertida sessão de cinema despretensioso, leve e extremamente agradável.

Repleto de clichês, "Juntos pelo acaso" não tenta ser nada mais do que é - uma comédia romântica descompromissada - e é justamente aí que ganha muitos pontos. Funciona muito bem como comédia familiar - graças principalmente ao bebê engraçadinho - e seduz o público como romance. As desastradas tentativas do casal em cuidar da pequena Sophie provocam gargalhadas - e lembram Diane Keaton em "Presente de grego" - e suas idas e vindas amorosas que conduzem ao inevitável final feliz são leves como convém. "Juntos pelo acaso" não machuca ninguém e talvez por ser tão inofensiva não tenha feito muito barulho nas bilheterias americanas. Mas é uma gracinha de filme, ideal para quem quer descansar a cabeça dos problemas e esquecer que uma eleição decepcionante vem por aí..

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9 COISAS SOBRE MIM...

Posted by Clenio on 17:25 in
Meu amigo Alan Raspante - do blog "Cinema & Cigarros" - me passou a incumbência de fazer um post contando 9 coisas a meu respeito que as pessoas não sabem. Primeiro fiquei travado, afinal, minha vida é um livro aberto - às vezes "O sofrimento do jovem Werther", às vezes qualquer livro de Nelson Rodrigues. Depois lembrei que apesar de meus amigos mais próximos (uns quatro ou cinco) saberem QUASE tudo sobre a minha vida, meus fieis leitores provavelmente não tinham a mesma ciência. Sendo assim, busquei alguns fatos que podem ser tornado públicos sem que eu prejudique a imagem de ninguém - talvez apenas a minha, mas enfim... não há mais filme a ser queimado em minha existência!

Antes de passar a eles, no entanto, segue abaixo a lista dos amigos blogueiros a quem também vou passar essa interessante lição de auto-conhecimento:

http://www.luisfabianoteixeira.blogspot.com/
http://www.reconfessions.blogspot.com/
http://www.degraucultural.blogspot.com/
http://www.cheabtulio.blogspot.com/
http://www.brazilianmovieguy.blogspot.com/
http://www.esegueobaile.blogspot.com/
http://www.eopedefeijao.blogspot.com/

Vamos então às 9 COISAS QUE VOCÊ NÃO SABE A MEU RESPEITO

1 - ESPORTES - Na minha pré-adolescência (quando meus pais ainda tinham o poder de mandar na minha vida) eu praticava esportes. Praticava é maneira de dizer, porque nunca tive o MENOR talento pra isso. Por volta dos 12 anos eu cheguei a fazer aulas de kung-fu e com cerca de 15/16 fazia parte de um time de futebol de salão. Também tentei jogar tênis e até era razoável jogando vôlei, mas esporte definitivamente não é a minha praia. Prefiro assistir aos jogos do meu time do coração (Internacional, glória do desporto nacional) bebericando uma cerveja do que correr atrás da bola.

2 - FACULDADE - Eu estudei Jornalismo por três anos. Só o que ganhei foram amigos que mantenho até hoje. Me decepcionei com o curso e com o sistema de QI (Quem Indica) do jornalismo do sul do país (e creio que do Brasil inteiro). Hoje sei que tenho uma certa ojeriza de qualquer tipo de academicismo. Óbvio que médicos e advogados, por exemplo, precisam de um curso, mas me recuso a entrar em uma faculdade para aprender como escrever, como ler ou como perceber as coisas ao meu redor. Isso chama-se dom. Ou se tem ou não, não é um diploma que vai fazer a diferença.

3 - MALU MADER - Eu fui completamente apaixonado pela Malu Mader dos meus 12 aos 18 anos. Era uma paixão quase obsessiva que me fez gastar fitas e fitas de vídeo gravando as cenas em que ela aparecia em "Fera radical" e "Top Model" (felizmente "Anos dourados" e "Anos rebeldes" foram lançados em DVD...). Malu era meu sonho de consumo e tive o prazer de assisti-la no teatro, em 1989. Com o tempo tudo arrefeceu, como toda paixão. Mas quem me conhece daquele tempo ainda lembra dessa minha fase... Medo!!!

4 - MÚSICA DE DOR DE CORNO - Adooooro música de dor de corno! Quanto mais dor-de-cotovelo melhor! E de preferência música brega - sim, eu desencavo coisas absurdas em momentos de maior inspiração. Não há música lamuriosa do Roberto Carlos que eu não saiba - mas pra minha sorte meu cérebro também registra coisa boa como Chico, Elis e Bethânia. Aliás, tem coisa mais linda do Bethânia cantando Roberto Carlos? Eu não conheço...

5 - TEATRO - Eu faço teatro! Não sou nenhum Shakespeare ou Nelson Rodrigues, mas modéstia à parte até que me saio bem! Ainda estou começando, brincando de teatrar, mas é um prazer indescritível sentir o retorno do público. Duas peças já nasceram e uma terceira está a caminho. Meu sonho é ser o Wagner Moura!!!!!

6 - TRAUMA DE INFÂNCIA - Meu maior trauma de infância é responsável direto pela minha baixíssima auto-estima. Quando criança, sempre que alguém me elogiava, dizendo como eu era bonito minha mãe vinha correndo corrigir: "Este é o intelectual! Bonito é o outro!", referindo-se a meu irmão do meio. Depois de anos ouvindo a mesma coisa dá pra acreditar quando alguém elogia qualquer coisa em mim???? Minha mãe deveria pagar minha terapeuta.

7 - SONAMBULISMO - Quando criança e adolescente eu era sonâmbulo. Saía pela casa, me arrumava pra escola, escovava os dentes... tudo pelas 4 da manhã!!! Depois de um tempo, troquei o sonambulismo pelos discursos noturnos - enquanto durmo!! Hoje em dia não sei se ainda mantenho esse hábito (haja visto por meus posts mais recentes ninguém dorme a meu lado pra me contar...) mas até uns cinco anos atrás isso ainda acontecia. Ainda bem que nunca disse nada comprometedor!

8 - DEUS - Não, eu não acredito em Deus! Provavelmente essa declaração vai me tirar da lista de herdeiros da minha mãe, mas não consigo acreditar em um ser que permite as atrocidades que vemos diariamente nos jornais e cujo divertimento deve ser assistir ao sofrimento alheio (imagino que se existisse, ele seria espectador assíduo de coisas como "E24"). Acho muito bonita a história toda contada na Bíblia, mas pra mim ela é apenas isso - uma bela história, ainda que com muitos furos... Se eu seria capaz de mudar de ideia? Claro que sim, me mostrem um milagre que eu mudo. Mas tem que ser um milagre que me favoreça pessoalmente, de nada me adianta dizer que Deus é maravilhoso porque salvou os mineiros chilenos.

9 - SUICÍDIO - Eu já pensei seriamente em suicídio! E não foi uma ou duas vezes, não. Em uma ocasião cheguei ao extremo de escrever cartas de despedida. Não acho a vida tão bela assim a ponto de me impedir de descartá-la. O que me impede é minha mãe - repararam que ela está presente em boa parte desse post, não????? Suicídio é um abismo que muito me atrai. Não o considero um ato covarde e sim de extrema personalidade. Viver em um mundo que não me agrada e não me faz feliz é muito mais deprimente!

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ESTÃO TODOS BEM

Posted by Clenio on 12:04 in
Em 1990, na crista da onda pelo merecido sucesso de "Cinema Paradiso", o italiano Giuseppe Tornatore lançou "Estamos todos bem", um drama familiar estrelado pelo sempre sensacional Marcello Mastroianni. Desde então Hollywood vinha tentando um remake, por acreditar no potencial emocional da história. Eis que, vinte anos depois - uma distância bem considerável da estreia do primeiro filme, portanto - o inglês Kirk Jones finalmente lançou "Estão todos bem", que, apesar de algumas críticas favoráveis - e um prêmio de atuação para Robert DeNiro -, chegou ao Brasil diretamente em DVD. Não deixa de ser uma injustiça, porque, mesmo que esteja longe de ser memorável, é um belo filme, que permite a DeNiro mostrar porque é um grande ator que há tempos merece um bom papel.


No filme de Jones, DeNiro vive Frank Goode, um viúvo recém-aposentado que, mesmo contrariando ordens médicas, decide atravessar os EUA para visitar os quatro filhos, depois que eles cancelam uma reunião familiar em cima da hora. Sem avisar a nenhum deles, Frank parte - munido de uma mala e uma máquina fotográfica - para rever a prole, da qual tem um orgulho indisfarçado. Depois de perder a viagem a Nova York (onde tencionava rever David, um artista plástico), ele viaja a Chicago, onde percebe que sua filha Amy (Kate Beckinsale), uma publicitária bem-sucedida, está com problemas no casamento e com o filho adolescente, apesar de transmitir uma ideia de felicidade plena. Em Denver, ele descobre que Robert (Sam Rockwell) não é o maestro que dizia ser e que toca percussão em uma orquestra local. E em Las Vegas, ele reencontra Rosie (Drew Barrymore) que mora em um apartamento luxuoso e trabalha como artista em shows de dança e esconde algumas verdades sobre sua vida pessoal. O que Frank não desconfia nem de longe é que seus filhos estão escondendo dele algo muito importante a respeito de David.

"Estão todos bem" tem algumas ideias bastante interessantes visualmente. As casas de Amy e Rosie, por exemplo, são luxuosas, mas vazias, quase estéreis. Os filhos todos se comunicam através de celulares, enquanto Frank utiliza apenas telefones públicos - símbolo de seu orgulho profissional como operário de telefonia. E sempre que vê os filhos pela primeira vez, o protagonista os vê como crianças - além de uma bela cena em que ele fica sabendo a verdade sobre todos eles enquanto estão todos reunidos em volta da mesa (ele adulto, os filhos crianças...)

O único problema de "Estão todos bem" é que existe sempre a impressão de ser um produto pasteurizado. É tudo muito bonito, limpo e luxuoso no filme de Kirk Jones. Emocionalmente é enxuto e sóbrio, ainda que comovente. Mas poderia ser um pouco mais realista, o que com certeza lhe daria mais pontos junto ao público. Como está, é um filme bastante interessante e nunca aborrecido ou exagerado. Recomendável a quem procura um bom drama familiar.

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O AMOR PEDE PASSAGEM

Posted by Clenio on 13:35 in
Primeiro, o básico: chamar um filme com o título original de "Management" de "O amor pede passagem" justificaria uma demissão por justa causa para a mente "criativa" que teve essa brilhante ideia. Em segundo lugar um aviso: o trailer do filme, exaustivamente veiculado nos cinemas brasileiros este ano, dá uma impressão totalmente errada de seu conteúdo. Apesar de ser um filme com Jennifer Aniston - o que já pressupõe uma bobagem romântica sem muito conteúdo - o filme do estreante Stephen Belber não é uma comédia (ao menos no sentido literal da palavra) e sim uma história quase deprimente sobre solidão e desesperança no amor.

Steve Zahn (um ótimo ator cômico que também se dá bem em cenas dramáticas) interpreta Mike, um jovem  que trabalha no motel de seus pais (uma mãe doente e um pai silencioso) em uma cidade do interior dos EUA. Sua vida vazia e quase sem emoções começa a se transformar quando ele conhece a bela Sue Claussen (Aniston, com um visual um tanto estranho e não tão bela como sempre). Sue trabalha vendendo arte para empresas e, sendo uma mulher emocionalmente confusa, acaba transando com o rapaz - solitário, entedidado e depois da experiência inesperada, apaixonado. Mike passa a percorrer o país atrás da mulher que ama, mas ela não vê nele - um rapaz sem maiores ambições e com uma mentalidade quase adolescente - uma possibilidade de futuro. Amargurada com as decepções pelas quais passou, ela prefere uma vida mais confortável e estável - o que pode estar nas mãos de seu namorado empresário (vivido por um sempre excêntrico Woody Harrelson).

"O amor pede passagem" está bem mais para "Por um sentido na vida" do que para "Caçador de recompensas", ainda bem. É melancólico, é quase triste e, apesar de algumas piadas que não funcionam, tem um certo senso de humor. É um filme que foi vendido erroneamente, mas que merece encontrar seu público no mercado de DVDs.

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TROPA DE ELITE 2

Posted by Clenio on 23:22 in
"Tropa de elite 2" é o novo fenômeno do cinema brasileiro. Lotando salas de exibição país afora, o filme de José Padilha tem arrancado elogios entusiasmados - e merecidos! Lançado logo após uma eleição assustadora que colocou Tiririca como o deputado federal mais votado do Brasil, a continuação do bem-sucedido longa de 2007 é um soco na boca do estômago daqueles que ainda acreditam na política e nas boas intenções daqueles que ditam os rumos da nação. Poucas vezes o cinema nacional foi tão contundente, radical e corajoso - se é que o foi alguma vez. Mas mais do que ser um furioso ataque ao sistema em geral, "Tropa de elite 2" é cinema da mais alta qualidade, capaz de rivalizar com qualquer blockbuster americano e sair ganhando de goleada.

"Tropa 2" é melhor que seu primeiro capítulo em inúmeros aspectos. O roteiro - co-escrito por Padilha e Bráulio Mantovani (indicado ao Oscar por "Cidade de Deus") - é forte, surpreendente e com mais nuances do que seu antecessor, repleto de camadas que vão se revelando pouco a pouco. A edição continua sendo caprichada e a parte técnica é superior a muitas produções hollywoodianas. As personagens são ainda mais verossímeis, dotadas de personalidades mais humanas e realistas - o que faz com que todas as surpresas se tornem ainda mais empolgantes. E o elenco, liderado por um Wagner Moura avassalador, dá conta do recado com um pé nas costas - com as possíveis exceções de Maria Ribeiro e, sim, André Ramiro, que donos de papéis-chave, ainda carecem de carisma. É difícil não lembrar dos bons filmes de Martin Scorsese quando se assiste à "Tropa de elite 2", em especial "Os bons companheiros", que divide com a obra de José Padilha a narração em off, a edição vigorosa, a violência e até algumas sequências. Mais do que uma simples cópia - talvez até inconsciente - as cenas que antecedem o epílogo são uma homenagem extremamente bem-feita à obra-prima de Scorsese. Que bom que existe no Brasil um cineasta que saiba a quem admirar!!

Mas talvez o melhor de "Tropa de elite 2" seja a sua coragem de tocar o dedo na ferida. A "perigosa" idelogia do primeiro filme - acusado de fascismo por algumas facções - é aqui posta em xeque. A trama concebida por Padilha e Mantovani contrapõe os dois lados da moeda em relação à violência nas favelas do Rio, acrescentando à história o sensacional defensor dos direitos humanos Diogo Fraga (interpretado pelo ótimo Irandhir Santos), que bate de frente com Nascimento no início do filme, mas que, graças às reviravoltas previstas no roteiro, acaba tornando-se seu aliado quando o maior defensor do BOPE percebe que seus inimigos não são apenas os traficantes de droga, mas sim gente que ele considerava os guardiões da paz.

"Tropa de elite 2" é um filme que fala de assuntos sérios de maneira comercial e sem didatismo ou discursos ocos - e isso é um elogio extraordinário quando se fala de um filme brasileiro. O roteiro é consistente e Nascimento se consagra como um herói absoluto do cinema nacional (graças à inteligência da trama e do trabalho sensacional de Wagner Moura, disparado o melhor ator de sua geração) - é difícil não torcer por ele, mesmo quando suas ideias possam ser consideradas um tanto maniqueístas (ao menos até a metade do filme). É um petardo que diverte - dentro do conceito de diversão consagrado pelo cinema americano (leia-se tiroteio e sangue) - mas que também faz pensar muito tempo depois de encerrada a sessão. Dá muito assunto a discutir e questionar. E de quantos filmes podemos dizer o mesmo nos últimos anos???

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É ASSIM...

Posted by Clenio on 17:33 in
Pois é assim que me sinto - alguém incapaz de despertar um real amor. Uma pessoa totalmente desprovida de qualidades que possam tirar o fôlego de quem quer que seja, jogada sem estratégia nenhuma em um mundo em constante guerra de egos, onde faz mais pontos quem mais rapidamente se livra do lixo tóxico conhecido como sentimento.


Me sinto absolutamente desinteressante, tanto física quanto intelectualmente falando. O que eu posso oferecer não interessa a ninguém. Sigo ingenuamente (burramente?) acreditando que um dia alguém vai perceber o que eu sou, o que eu tenho, o que eu sinto. Então me acordo notando que talvez isso não aconteça porque não sou, não tenho, não sinto... nada.

É triste, é arrasador, é frustrante perceber que sou capaz de amar tanto e não ter de volta nada mais do que o vazio. É desesperador chegar ao estágio da vida em que cheguei e perceber que não tenho nada mais do que uma esperança infantil que diminui a cada dia, a cada conversa no MSN, a cada momento em que percebo que sou menos importante do que qualquer - QUALQUER - coisa e que as prioridades de quem amo não tem lugar pra mim.
Houve um tempo em que eu tive a vã ilusão de que era especial.

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LENNON FOREVER

Posted by Clenio on 20:45 in
Estivesse vivo hoje - e não assassinado da maneira brutal e inexplicável como tristemente aconteceu em dezembro de 1980 - John Lennon estaria completando 70 anos de idade. Pensei em deixar essa data passar em branco, mas é impossível não render minha homenagem - ainda que pequena e inútil - a um dos meus maiores ídolos musicais. Que me perdoem Paul McCartney (cujo show aqui em Porto Alegre eu vou dispensar não sem certa dor no coração...), Ringo Starr e George Harrison - sem os quais é possível que Lennon nunca chegasse onde chegou - mas pra mim, os Beatles sem o pai de Julian e Sean jamais seria o que é para milhares e milhares de fãs: uma religião.

Não estou querendo polemizar ao comparar Lennon a nenhum tipo de deus - mesmo porque ele já fez algo parecido e tampouco era do estilo religioso. Quero apenas afirmar algo em que os fãs da maior banda da história (e aqui abro espaço pra discussões com os partidários dos Rolling Stones...) teriam o maior prazer de assinar embaixo. Tudo bem que a esmagadora maioria das canções do grupo era assinada pela dupla Lennon/McCartney, mas  nada tira da minha cabeça a ideia de que era o marido de Cynthia e Yoko que era a alma dos Beatles. Uma prova? Com o fim do sonho, qual dos quatro integrantes da banda seguiu carreira mais vitoriosa? Quem nunca saiu da mídia? Quem causou controvérsia em discursos e ações pacifistas? Quem chocou um planeta inteiro com sua precoce saída de cena? Quem, dentre os quatro, era capaz de emocionar com canções tão seminais como "Imagine", "Give peace a chance" ou "Woman"?

Lennon, infelizmente, não nos deu a chance de testemunhar novas fases de uma carreira brilhante. Morreu com meros 40 anos de idade. Mas enquanto sua música existir a beleza ainda vai comover a todos nós. No meu coração John Lennon ainda vive. You may say I'm a dreamer, but I'm not the only one...

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ESTE BLOG FAZ A MINHA CABEÇA

Posted by Clenio on 19:46 in
Meu irmão - de sangue, mesmo, e de mania de escrever sobre qualquer assunto minimamente interessante - me homenageou com o selo "ESTE BLOG FAZ MINHA CABEÇA!" Aproveito para agradecer publicamente e divulgar os blogs dele:

http://eopedefeijao.blogspot.com/
http://elenaoelasim.blogspot.com/

Outros blogs bastante interessantes merecem que eu ofereça, de coração e cérebro, essa mesma homenagem. Segue uma pequena mas seleta lista de blogs que, por um motivo ou outro, fazem a minha cabeça.

http://cigarrosefilmes.blogspot.com/
http://luisfabianoteixeira.blogspot.com/
http://chadepoejo.blogspot.com/
http://degraucultural.blogspot.com/
                                                                  http://reconfessions.blogspot.com/
                                                                  http://esegueobaile.blogspot.com/
                                                                  http://dicaselistas.blogspot.com/

Conheçam os blogs acima citados. Vale a visita!

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COMER, REZAR, AMAR

Posted by Clenio on 02:18 in
A crítica malhou. O público não exatamente aprovou. Mas "Comer, rezar, amar", a adaptação cinematográfica do best-seller de Elizabeth Gilbert não é ruim como querem nos fazer acreditar. Levando-se em consideração que é baseado em um livro quase de auto-ajuda (sejamos honestos!!!!!), o filme de Ryan Murphy (o cérebro por trás das bem-sucedidas séries televisivas "Nip/Tuck" e "Glee") consegue a façanha de ser bem mais inteligente e agradável do que se poderia supor - e melhor ainda: apesar dos clichês, é um dos programas mais decentes dos últimos meses para quem gosta de passar duas horas (ou mais) no escurinho do cinema.

Julia Roberts sai de sua semi-aposentadoria para viver uma personagem feita quase sob medida: a escritora Elizabeth Gilbert, que, em meio a uma crise existencial e de um processo divórcio do marido (Billy Crudup), abandona o namorado natureba (James Franco) e resolve fazer uma viagem de "auto-cura". Seguindo os conselhos de um xamã de Bali, ela vai para a Itália fazer orgias gastronômicas, parte para a Índia em busca de paz espiritual e volta à Bali para finalmente encontrar o amor nos braços de um brasileiro (Javier Bardem). A história, aparentemente banal, é, no entanto, motivo para que tanto Roberts desfile seu carisma pela tela quanto para que Murphy faça sua estreia como cineasta de forma marcante e com o máximo de hype possível.

O livro de Gilbert não é exatamente uma pérola de literatura, apesar de ter vendido horrores pelo mundo afora desde seu lançamento (um número que não pára de crescer graças ao filme), mas conquista pela maneira bem-humorada de contar um processo de auto-descoberta feito por uma mulher repleta de defeitos e qualidades como qualquer espectadora - sim, são as mulheres que mais vão se encantar com a trajetória da protagonista, apesar dessa afirmação soar um tanto sexista.  Tudo em "Comer, rezar, amar"  é nitidamente direcionado ao público feminino, assim como também o é o livro que lhe deu origem. Mas, apesar da história interessante, da presença de Julia Roberts e de Javier Bardem e das belas paisagens, muita gente achou por bem falar mal do filme. Por que?

Realmente, "Comer, rezar, amar" é um filme que exige paciência do espectador: são duas horas e meia de duração, sem maiores lances dramáticos ou reviravoltas surpreendentes (e até mesmo as piadas são utilizadas com parcimônia). É um filme com ritmo próprio, que não tem pressa em contar sua história e que confia bem mais em sua estrela e em sua bela fotografia do que exatamente em construir relações sólidas entre suas personagens (o romance entre Roberts e Bardem soa um pouco artificial, talvez pelo sotaque estranho dele, talvez pela pressa com que justamente essa parte do filme tenha sido tratada). Mas o fato é que o livro já era assim, episódico, simples, quase uma união de anedotas e pequenos incidentes acontecidos com sua protagonista. Não há um empecilho para o romance central (que só começa no terço final), não há vilões, não há coadjuvantes recitando falas engraçadas a cada cinco minutos. Há, isso sim, a história de uma mulher corajosa o bastante para correr atrás do que queria fazer.

E há também Richard Jenkins. O falecido pai de família de "A sete palmos" rouba descaradamente a cena na pele de Richard, um texano com sérios problemas de culpa que ajuda Gilbert a superar seus próprios fantasmas nas cenas mais emocionantes do longa. É Jenkins que eleva "Comer, rezar, amar" a um patamar maior de qualidade, é ele quem justifica o preço do ingresso - ainda que sem ele também seria bastante divertido assistir-se ao filme - e é ele quem faz o público parar de lamentar o fato do capítulo "Itália" já ter acabado (a primeira parte da viagem da personagem principal é, sem dúvida, a mais divertida - para ela e para o público).

"Comer, rezar, amar" não é ruim como dizem. Não é espetacular, mas diverte, emociona, instiga. E tem Julia Roberts com seu belo sorriso e seu inegável carisma em todas as cenas. Pode-se dizer que isso é mais do que o bastante.

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O ÚLTIMO EXORCISMO

Posted by Clenio on 13:50 in
O problema quando um filme ousa ser diferente e fugir dos padrões vigentes é que nunca faltam imitadores com menos talento - e o que é ainda pior, sem senso de timing. Já faz dez anos que '"A bruxa de Blair" estreou nos cinemas, fazendo um barulho ensurdecedor com sua mistura de documentário, ficção, terror e muita, mas muita divulgação na Internet. De lá pra cá fomos obrigados a presenciar verdadeiros fiascos cinematográficos que se apoiavam no estilo do filme. Algumas vezes boas surpresas acontecem, como "REC", que ganhou refilmagem americana e sequência e até mesmo "Atividade paranormal" (outro que também teve continuação). Acontece que a estética descoberta (???) já há uma década já deu o que tinha que dar e, apesar do sucesso de bilheteria de um filme como "O último exorcismo", é preciso muita paciência e boa-vontade para chegar ao final de seus 80 minutos de projeção. Câmera na mão, entrevista com as personagens, narração em off... tudo isso definitivamente já cansou.

O protagonista de "O último exorcismo" é o pastor Cotton Marcus (interpretado até que com competência por Patrick Fabian), um homem cético que vive de fazer pregações entusiásticas a seus fiéis e, eventualmente, praticar exorcismos pelo país. O maior segredo de sua vida é o fato de ele não acreditar nem um pouco no que faz - ou seja, não acredita nem em Deus nem no Diabo - e ganha dinheiro às custas de pessoas desesperadas. Para provar que está certo em sua ideia de que não existe possessão demoníaca, ele aceita levar uma equipe de documentaristas para testemunhar uma de suas viagens. No interior do país, a adolescente de 16 anos Nell Sweetzer (Ashley Bell, também bastante interessante como atriz) está sendo vítimas de estranhos incidentes e seu pai acredita que é caso de um exorcismo. Cotton e a equipe vão até a fazenda da família e, apesar de fazer o seu show particular (com seus instrumentos teatrais) alguns acontecimentos inexplicáveis levam o pastor a acreditar que há algo além do corriqueiro acontecendo no lugar.

Não dá pra negar que a história de "O último exorcismo" é intrigante e que o filme tem clima e algumas cenas muito bem construídas (além dos sustos essenciais ao gênero), mas quando se aproxima do final, o filme de Daniel Stamm transforma-se no samba do crioulo doido, onde misturam-se abuso sexual, magia negra e um desfecho absurdo. Definitivamente mais um exemplar descartável do gênero.

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