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TOMBOY

Posted by Clenio on 09:49 in
Suponha que você é uma introvertida menina de dez anos de idade que tem
problemas de sociabilidade. Suponha ainda que, ao contrário das meninas de sua idade, você prefira andar de cabelos curtos e roupas largas e, ao invés de brincar de bonecas, goste de jogar futebol e fazer campeonatos de mergulho com os garotos. O que você faria se, chegando a uma nova vizinhança fosse confundido com um menino e, como tal, fosse extremamente bem acolhido? Para a tímida Laura, protagonista do sensível "Tomboy", não há outra alternativa senão manter o mal-entendido e finalmente sentir-se parte de um grupo.

Escrito e dirigido pela jovem (31 anos) Céline Sciamma, o francês "Tomboy" chega às telas em um momento delicado, em que as discussões a respeito de sexualidade, preconceito e homofobia estão perigosamente perto da saturação (graças principalmente a discussões estéreis e frequentemente muito mais passionais do que racionais). Não deixa de ser refrescante que a singela e concisa história criada por Sciamma deixe de lado elocubrações pseudo-psicológicas para concentrar-se nos reais temas de seu interesse: a busca por aceitação e o desconforto da diferença.

De narrativa simples e direta (mas com espaço para alguma poesia visual), "Tomboy" não busca explicações ou soluções, preferindo a posição de testemunha neutra da história de Laura (vivida com surpreendente naturalidade pela ótima Zoé Héran), uma menina que, confundida com um menino em seus primeiros dias na nova casa, aceita levar adiante a mentira com o objetivo de ser aceita pelo grupo de moleques da vizinhança. Só quem conhece seu segredo é sua irmã caçula, a adorável Jeanne (Malonn Lévana), que a acompanha em suas divertidas tardes de verão, em que as brincadeiras infantis (e as primeiras descobertas românticas) a afastam de um relacionamento familiar terno mas um tanto distante. As coisas começam a se complicar, porém, quando Laura percebe que sua melhor amiga, Lisa (Jeanne Disson) está apaixonada por seu alterego Michael - e que as aulas estão prestes a começar, ameaçando seu disfarce.

Céline Sciamma acerta em desviar seu foco de questões polêmicas como o despertar da sexualidade, o que poderia transformar o filme em uma desagradável (e desnecessária) versão infantil de "Meninos não choram". Não interessa à diretora/roteirista descobrir para onde irá o desejo sexual de Laura quando ele surgir. O que ela pretende é contar uma história sobre a coragem inerente à necessidade de amor e aceitação. Essa opção exclui, felizmente, maiores lances dramáticos e golpes baixos. Não é um conto de fadas nem tampouco uma tijolada emocional. É apenas o pequeno (e crucial) trecho da vida de uma menina em busca de sua própria personalidade. Um tanto triste, mas real.

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1 Comments


Eu já havia lido sobre o filme, mas ainda não procurei ver... Pelo visto é um filme indispensável ;)

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