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50%
Posted by Clenio
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15:05
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EM DVD 2012
Passar por um câncer raro na coluna provavelmente não é exatamente uma das experiências mais agradáveis da vida, mas há quem consiga ver um lado bom até nisso. É o caso do roteirista Will Reiser, que utiliza suas lembranças da doença como matéria-prima de "50%", comédia dramática que vem arrancando elogios da crítica e pode até conquistar uma vaga entre os candidatos ao Oscar de roteiro original deste ano. A maior qualidade do filme dirigido por Jonathan Levine? A forma franca e direta com que trata o tema, equilibrando com inteligência momentos de cortar o coração com um senso de humor que o afasta do dramalhão sentimentalóide.
Amparado pela bela atuação do cada vez melhor Joseph Gordon-Levitt - que substituiu James McAvoy dois dias antes do início das filmagens - o filme de Levine acompanha a trajetória do jornalista Adam Learner, de 27 anos, depois que ele descobre que tem um tipo raro de câncer (de origem genética) na coluna. Atordoado com a notícia (como não poderia deixar de ser), ele conta com a ajuda do melhor amigo Kyle (Seth Rogen) para lidar com as consequências da doença. Entre sessões de terapia com a jovem médica Katherine (Anna Kendrick) e quimioterapia com o veterano paciente Alan (Philip Baker Hall), Adam precisa também superar a crise em seu relacionamento com a artista plástica Rachael (Bryce Dallas Howard) e recuperar sua relação com os pais, em especial a mãe superprotetora Diane (Anjelica Huston, dando olé em cada cena que aparece).
Realizado de forma independente com um orçamento irrisório de 8 milhões de dólares (que já se transformaram em mais de 30 somente nos EUA), "50%" surpreende também pela forma não-romantizada com que trata a situação central da história, não derrapando na tentação de partir para clichês de autoajuda. Ainda que seja positivo, não esconde também o lado pesado da situação vivida pelo protagonista, interpretado com simpatia por Gordon-Levitt (indicado ao Golden Globe deste ano): para cada momento de humor (genuíno, inteligente e irônico) há uma cena capaz de emocionar (delicadamente, sem exageros), lembrando à audiência que, apesar das risadas, a história que está sendo contada não é um pastelão inconsequente.
Embora a opção do roteiro em não estigmatizar a doença através do humor possa ser considerada de mau-gosto por uma parcela mais conservadora do público, é inegável que a leveza com que Reiser revestiu sua triste (mas esperançosa) história é muito mais palatável à plateias contemporâneas do que o petardo emocional "Laços de ternura", citado nominalmente em um diálogo do filme. "50%" é muito melhor do que sua aparência de filme indie e metido a modernoso. Embalado por uma irresistível trilha sonora (que une Roy Orbison a Eddie Vedder) e interpretado por um elenco em dias inspirados (inclusive o bobalhão Seth Rogen em seu melhor trabalho até hoje), é uma das gratas surpresas da temporada, infelizmente lançada diretamente em DVD no Brasil (em mais uma prova da falta de visão das distribuidoras).
Amparado pela bela atuação do cada vez melhor Joseph Gordon-Levitt - que substituiu James McAvoy dois dias antes do início das filmagens - o filme de Levine acompanha a trajetória do jornalista Adam Learner, de 27 anos, depois que ele descobre que tem um tipo raro de câncer (de origem genética) na coluna. Atordoado com a notícia (como não poderia deixar de ser), ele conta com a ajuda do melhor amigo Kyle (Seth Rogen) para lidar com as consequências da doença. Entre sessões de terapia com a jovem médica Katherine (Anna Kendrick) e quimioterapia com o veterano paciente Alan (Philip Baker Hall), Adam precisa também superar a crise em seu relacionamento com a artista plástica Rachael (Bryce Dallas Howard) e recuperar sua relação com os pais, em especial a mãe superprotetora Diane (Anjelica Huston, dando olé em cada cena que aparece).
Realizado de forma independente com um orçamento irrisório de 8 milhões de dólares (que já se transformaram em mais de 30 somente nos EUA), "50%" surpreende também pela forma não-romantizada com que trata a situação central da história, não derrapando na tentação de partir para clichês de autoajuda. Ainda que seja positivo, não esconde também o lado pesado da situação vivida pelo protagonista, interpretado com simpatia por Gordon-Levitt (indicado ao Golden Globe deste ano): para cada momento de humor (genuíno, inteligente e irônico) há uma cena capaz de emocionar (delicadamente, sem exageros), lembrando à audiência que, apesar das risadas, a história que está sendo contada não é um pastelão inconsequente.
Embora a opção do roteiro em não estigmatizar a doença através do humor possa ser considerada de mau-gosto por uma parcela mais conservadora do público, é inegável que a leveza com que Reiser revestiu sua triste (mas esperançosa) história é muito mais palatável à plateias contemporâneas do que o petardo emocional "Laços de ternura", citado nominalmente em um diálogo do filme. "50%" é muito melhor do que sua aparência de filme indie e metido a modernoso. Embalado por uma irresistível trilha sonora (que une Roy Orbison a Eddie Vedder) e interpretado por um elenco em dias inspirados (inclusive o bobalhão Seth Rogen em seu melhor trabalho até hoje), é uma das gratas surpresas da temporada, infelizmente lançada diretamente em DVD no Brasil (em mais uma prova da falta de visão das distribuidoras).