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MILLENNIUM - OS HOMENS QUE NÃO AMAVAM AS MULHERES
Posted by Clenio
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01:35
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CINEMA 2012
A coisa já começa mais do que bem, com créditos iniciais criativos e intrigantes (como não deixa de ser tradicional em se tratando de David Fincher). Mas a versão americana de "Os homens que não amavam as mulheres" - sob o comando do mesmo homem que fez a criação do Facebook tornar-se um filme empolgante em "A Rede Social" e assinou dois dos mais fantásticos thrillers das últimas décadas, "Seven" e "Zodíaco" - tem muito mais a oferecer. Em 158 minutos de filme, Fincher consegue o que parecia bastante improvável: realizar o remake de um suspense sueco baseado em um best-seller mundial, dando a ele uma marcante assinatura visual e um clima de tensão que era apenas ensaiado em seu original. Não é que o filme de Niels Arden Oplev seja ruim, muito pelo contrário. Mas, por incrível que pareça, seu irmão americano é muito melhor.
Pra quem não sabe, "Os homens que não amavam as mulheres", primeiro livro de uma série chamada "Milleninum", publicada no Brasil pela Companhia das Letras e escrita por Stieg Larsson (que morreu antes da publicação e consequente explosão de vendas de seu filhote) começa quando o jornalista Mikael Blomkvist (vivido aqui por um discreto mas muito eficaz Daniel Craig) é condenado por difamação, por ter denunciado um poderoso empresário com suas matérias na revista onde trabalha - e cuja editora é sua amante. Sem muita credibilidade, ele é procurado por Henrik Vanger (Christopher Plummer), um milionário que lhe pede que tente solucionar o desaparecimento de sua sobrinha-neta, acontecido em 1966. A princípio desinteressado pela proposta - por várias razões - Mikael aceita o encargo quando vê a possibilidade de limpar seu nome. Instalado em uma das casas da imensa propriedade da família Vanger - que inclui alguns simpatizantes do nazismo e alguns segredos muito bem guardados - o jornalista aos poucos começa a ir mais longe do que alguns gostariam e passa a contar com a ajuda de Lisbeth Salander (Rooney Mara, surpreendente candidata ao Oscar de melhor atriz deste ano), uma hacker de visual exótico, comportamento antissocial e com um histórico de violência no passado.
Espertamente, o roteiro de Steven Zaillian - que concorre ao Oscar deste ano pelo chato "Moneyball, o homem que mudou o jogo" - concentra-se na estrutura policial da obra de Larsson, um vasto volume repleto de informações desnecessárias a uma adaptação cinematográfica. A maneira com que a investigação de Mikael - e posteriormente Lisbeth - transcorre é contada por Fincher com seu próprio ritmo, sem pressa, quase como um filme cerebral da Hollywood dos anos 70, mas dotado de uma violência que contrasta com a frieza dos cenários em que as personagens transitam. E Fincher - que bem merecia uma indicação ao Oscar por seu trabalho impecável - felizmente não caiu na tentação de suavizar algumas das sequências mais polêmicas da trama, mostrando com crueza cenas de estupro que podem chocar a audiência mais conservadora - fato que a ótima edição (também indicada ao Oscar) consegue destacar com extrema competência.
Pontuado por uma extraordinária trilha sonora, "Os homens que não amavam as mulheres" é um dos grandes filmes americanos dos últimos anos, ainda que tenha uma origem nórdica que aparentemente destoa do convencional cinema ianque. E é a prova cabal (mais uma!) de que David Fincher é um dos diretores mais confiáveis de Hollywood. Oremos para que os demais capítulos da saga se mantenham em suas geniais mãos.
Pra quem não sabe, "Os homens que não amavam as mulheres", primeiro livro de uma série chamada "Milleninum", publicada no Brasil pela Companhia das Letras e escrita por Stieg Larsson (que morreu antes da publicação e consequente explosão de vendas de seu filhote) começa quando o jornalista Mikael Blomkvist (vivido aqui por um discreto mas muito eficaz Daniel Craig) é condenado por difamação, por ter denunciado um poderoso empresário com suas matérias na revista onde trabalha - e cuja editora é sua amante. Sem muita credibilidade, ele é procurado por Henrik Vanger (Christopher Plummer), um milionário que lhe pede que tente solucionar o desaparecimento de sua sobrinha-neta, acontecido em 1966. A princípio desinteressado pela proposta - por várias razões - Mikael aceita o encargo quando vê a possibilidade de limpar seu nome. Instalado em uma das casas da imensa propriedade da família Vanger - que inclui alguns simpatizantes do nazismo e alguns segredos muito bem guardados - o jornalista aos poucos começa a ir mais longe do que alguns gostariam e passa a contar com a ajuda de Lisbeth Salander (Rooney Mara, surpreendente candidata ao Oscar de melhor atriz deste ano), uma hacker de visual exótico, comportamento antissocial e com um histórico de violência no passado.
Espertamente, o roteiro de Steven Zaillian - que concorre ao Oscar deste ano pelo chato "Moneyball, o homem que mudou o jogo" - concentra-se na estrutura policial da obra de Larsson, um vasto volume repleto de informações desnecessárias a uma adaptação cinematográfica. A maneira com que a investigação de Mikael - e posteriormente Lisbeth - transcorre é contada por Fincher com seu próprio ritmo, sem pressa, quase como um filme cerebral da Hollywood dos anos 70, mas dotado de uma violência que contrasta com a frieza dos cenários em que as personagens transitam. E Fincher - que bem merecia uma indicação ao Oscar por seu trabalho impecável - felizmente não caiu na tentação de suavizar algumas das sequências mais polêmicas da trama, mostrando com crueza cenas de estupro que podem chocar a audiência mais conservadora - fato que a ótima edição (também indicada ao Oscar) consegue destacar com extrema competência.
Pontuado por uma extraordinária trilha sonora, "Os homens que não amavam as mulheres" é um dos grandes filmes americanos dos últimos anos, ainda que tenha uma origem nórdica que aparentemente destoa do convencional cinema ianque. E é a prova cabal (mais uma!) de que David Fincher é um dos diretores mais confiáveis de Hollywood. Oremos para que os demais capítulos da saga se mantenham em suas geniais mãos.