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O REGRESSO
Posted by Clenio
on
22:29
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CINEMA 2016
Já é quase uma questão de honra para Leonardo DiCaprio ganhar um Oscar: no mínimo desde que foi esnobado por seu trabalho em "Titanic" (97), o ator vem tentando desesperadamente ser eleito pela Academia, sendo apoiado incondicionalmente pela crítica e pelo público. Porém, nem mesmo sua parceria com o mestre Martin Scorsese em cinco filmes - que lhe renderam duas indicações infrutíferas à estatueta - foi o suficiente para que ele saísse da lista dos perdedores. Esse ano, no entanto, tudo indica que a maldição será encerrada: com o Golden Globe, o SAG Awards e o Critic's Choice Awards debaixo do braço, DiCaprio é o favorito absoluto da cerimônia do próximo dia 28 de fevereiro. E motivos não faltam: seu desempenho em "O regresso", de Alejandro González Iñárritu, é o melhor de sua carreira repleta de grandes atuações, e a despeito da perfeição de Michael Fassbender em "Steve Jobs" e da delicadeza de Eddie Redmayne em "A garota dinamarquesa", a força de seu trabalho não parece ter rivais na temporada.
Tentando uma segunda vitória consecutiva depois do sucesso de "Birdman" ano passado, o mexicano Iñárritu sai de sua zona de conforto (temas intimistas, personagens contemporâneos em dramas urbanos) para conduzir a plateia por um inferno pessoal esplendidamente iluminado por Emmanuel Lubezki (na batalha pela terceira e merecidíssima terceira estatueta) e repleto de uma violência por vezes chocante e paradoxalmente dotada de uma poesia visual de cair o queixo. Filmado com a iluminação natural das paisagens do Canadá e da Patagônia, "O regresso" é um esforço artístico de primeira ordem, tecnicamente impecável e capaz de deslumbrar o mais cético dos cinéfilos. Nem mesmo sua longa duração (mais de duas horas e meia com poucos diálogos e um ritmo que equilibra momentos contemplativos com cenas de ação de prender a respiração) atrapalha o prazer de assistir à brutal e emocionante história de Hugh Glass, um comerciante de peles que, na década de 1820, luta pela sobrevivência e pelo desejo de vingar a morte do filho mestiço - uma vingança que tem alvo certo: seu próprio colega John Fitzgerald (Tom Hardy, estupendo e também na disputa pelo Oscar, na categoria de ator coadjuvante).
Bem dirigido, interpretado com garra e tecnicamente perfeito - não há nada fora do lugar no resultado final - "O regresso", porém, não é um filme perfeito. Há problemas no roteiro - principalmente no início, quando cabe ao público entender sozinho quem são os personagens e o que está acontecendo com eles - e muitas vezes fica difícil acreditar em todas as provações pelas quais passa o protagonista. Mas a garra com que DiCaprio se entrega ao desafio - físico e emocional - de dar vida à Glass e a sensibilidade com que o cineasta reveste até a mais sanguinolenta das sequências (e elas são muitas) são motivos mais do que suficientes para justificar as 12 indicações ao Oscar, inclusive na categoria principal. Se vai convencer os eleitores da Academia é outra história - talvez seja excessivamente violento - mas é inegável que é uma extraordinária tour de force que vai marcar a carreira de todos os envolvidos. Vai que é tua, DiCaprio!
Tentando uma segunda vitória consecutiva depois do sucesso de "Birdman" ano passado, o mexicano Iñárritu sai de sua zona de conforto (temas intimistas, personagens contemporâneos em dramas urbanos) para conduzir a plateia por um inferno pessoal esplendidamente iluminado por Emmanuel Lubezki (na batalha pela terceira e merecidíssima terceira estatueta) e repleto de uma violência por vezes chocante e paradoxalmente dotada de uma poesia visual de cair o queixo. Filmado com a iluminação natural das paisagens do Canadá e da Patagônia, "O regresso" é um esforço artístico de primeira ordem, tecnicamente impecável e capaz de deslumbrar o mais cético dos cinéfilos. Nem mesmo sua longa duração (mais de duas horas e meia com poucos diálogos e um ritmo que equilibra momentos contemplativos com cenas de ação de prender a respiração) atrapalha o prazer de assistir à brutal e emocionante história de Hugh Glass, um comerciante de peles que, na década de 1820, luta pela sobrevivência e pelo desejo de vingar a morte do filho mestiço - uma vingança que tem alvo certo: seu próprio colega John Fitzgerald (Tom Hardy, estupendo e também na disputa pelo Oscar, na categoria de ator coadjuvante).
Bem dirigido, interpretado com garra e tecnicamente perfeito - não há nada fora do lugar no resultado final - "O regresso", porém, não é um filme perfeito. Há problemas no roteiro - principalmente no início, quando cabe ao público entender sozinho quem são os personagens e o que está acontecendo com eles - e muitas vezes fica difícil acreditar em todas as provações pelas quais passa o protagonista. Mas a garra com que DiCaprio se entrega ao desafio - físico e emocional - de dar vida à Glass e a sensibilidade com que o cineasta reveste até a mais sanguinolenta das sequências (e elas são muitas) são motivos mais do que suficientes para justificar as 12 indicações ao Oscar, inclusive na categoria principal. Se vai convencer os eleitores da Academia é outra história - talvez seja excessivamente violento - mas é inegável que é uma extraordinária tour de force que vai marcar a carreira de todos os envolvidos. Vai que é tua, DiCaprio!