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OSCAR 2016: MELHOR ATRIZ

Posted by Clenio on 19:08 in ,
A ausência mais sentida entre as candidatas ao Oscar 2016 de melhor atriz foi a de Charlize Theron, que tirou de letra o desafio de comandar um dos filmes mais esperados da temporada e que realizou a proeza de arrecadar horrores pelo mundo inteiro, conquistar a unanimidade da crítica especializada e chegar à seleta lista dos indicados ao prêmio máximo da Academia. "Mad Max: estrada da fúria" deve se contentar com prêmios técnicos, já que nem Theron nem Tom Hardy foram indicados - ok, Hardy está no páreo, mas como coadjuvante, e por outro filme, "O regresso". E os fãs de Theron tiveram que engolir a inclusão de Jennifer Lawrence entre as cinco melhores atrizes do ano segundo a visão dos cada vez mais esquizofrênicos votantes. Conquistando sua quarta indicação em seis anos -  tendo vencido por "O lado bom da vida", em 2013 - Lawrence é uma atriz competente, mas é inegável até mesmo para os fãs mais fiéis que sua atuação em "Joy: o nome do sucesso" não merecia nem o Golden Globe que ela tirou de gente mais competente (Lily Tomlin, Maggie Smith) nem a indicação que ela tirou não só de Theron, mas também de outras atrizes com interpretações bem melhores, como Carey Mulligan ("As sufragistas") e Rooney Mara (que concorre como coadjuvante por "Carol" mas é tão protagonista quanto Cate Blanchett). Mesmo a teoria de que este ano não foi muito favorável a atuações femininas de peso não é suficiente para justificar Lawrence entre as candidatas. É o azarão absoluto da categoria, que, ao que tudo indica, parece mesmo à Brie Larson.

Pouco conhecida do público - fez apenas papéis pequenos em filmes como "Descompensada" (onde vive a irmã da protagonista vivida por Amy Schumer), "Anjos da lei" e "Como não perder essa mulher" (dirigido por Joseph Gordon-Levitt) - Larson já ganhou os prêmios mais significativos da temporada, o que faz de seu caminho ao palco do Oscar muito mais fácil. Eleita a melhor atriz pelos críticos do National Board of Review e vencedora do Golden Globe, do Critics Choice Awards, do BAFTA (o Oscar britânico), e do Screen Actors Guild (o sindicato de atores), ela tem, aos 26 anos, todas as evidências ao seu lado. Seu desempenho como uma jovem sequestrada que tenta criar da melhor maneira possível o filho nascido em seu cativeiro e depois se vê obrigada a reconectar-se com o mundo quando consegue fugir, é emocional e discreto. Competente, sem dúvida, mas o excesso de elogios e prêmios soa como uma espécie de alucinação coletiva que volta e meia toma conta do mundo do cinema. É a favorita absoluta, mas a perenidade de sua atuação só o tempo poderá mostrar.

E se Larson ainda é uma atriz que precisa mostrar se não é apenas a atriz certa na hora certa, o mesmo não pode ser dito de Cate Blanchett. Indicada pela sétima vez - e já vencedora de duas estatuetas, uma como coadjuvante por "O aviador" (04) e outra como protagonista, por "Blue Jasmine" (13) - a australiana de 45 anos desfila charme, beleza e talento pela tela na pele da socialite envolvida em um escandaloso romance lésbico em "Carol", sua segunda colaboração com o cineasta Todd Haynes (a primeira, como Bob Dylan em "Não estou lá", também lhe rendeu uma indicação, como coadjuvante, no mesmo ano em que concorria na categoria principal por "Elizabeth, a era de ouro"). Blanchett é sempre uma atriz riquíssima em nuances e não é diferente na adaptação do romance de Patricia Higshmith, um trabalho nunca aquém de precioso. Infelizmente sua vitória recente por "Blue Jasmine" tira muito suas chances de ganhar de novo - e nem mesmo relegar sua colega de cena Rooney Mara para a categoria de coadjuvante ajuda a mudar o quadro.

A quarta candidata à estatueta de melhor atriz é a veterana Charlotte Rampling, que engrossa a lista das atuações minimalistas que dominaram a categoria este ano. Como uma professora aposentada que passa a questionar seu casamento às vésperas de completar quatro décadas e meia de relação - graças à descoberta de que seu marido ainda não esqueceu seu primeiro amor, cujo corpo desaparecido ressurge como um fantasma - Rampling conquista sua primeira indicação ao Oscar aos 70 anos, e chega respaldada pelos prêmios dos críticos de Los Angeles, Boston, Londres e pela National Society of Film Critics. Não fosse sua declaração de que o boicote ao Oscar devido à ausência de atores negros entre os indicados seria um "racismo aos brancos", a veterana atriz provavelmente teria mais chances de vitória. Depois desse infeliz discurso - já debitado na conta dos tradicionais "fora de contexto" - suas possibilidades de subir ao palco para agradecer o homenzinho dourado estão ainda menores. Uma pena, já que seu desempenho (e sua carreira) são brilhantes.

E finalizando a seleta lista, está uma bela e merecida surpresa: por sua atuação delicada e honesta em "Brooklyn" - onde interpreta uma jovem irlandesa que chega à Nova York depois da II Guerra em busca de uma nova e mais promissora vida - Saoirse Ronan conquistou sua segunda indicação ao Oscar. Em 2008, ela concorreu como coadjuvante pela maldosa Briony Tallis no estupendo "Desejo e reparação" (com apenas 13 anos de idade) e agora mostra que seu talento não era fogo de palha. Com olhos expressivos e a sutileza de uma veterana, Ronan foi eleita a melhor atriz do ano pelos críticos de Nova York e sua vitória seria um alento àqueles que acreditam que o cinema não vive apenas de blockbusters e filmes adotados por grandes estratégias de marketing. Se "Brooklyn" conseguiu uma vaga até mesmo entre os indicados à categoria principal, muito se deve à sua atriz principal, que não precisa de ataques histéricos em cena para mostrar o quão talentosa é.

FAVORITA: Brie Larson, por "O quarto de Jack"
TORCIDA: Cate Blanchett, por "Carol" e Saoirse Ronan, por "Brooklyn"
QUEM NÃO DEVERIA ESTAR AÍ: Jennifer Lawrence, por "Joy: o nome do sucesso"

Quem quiser ler mais sobre os filmes indicados na categoria, é só chegar:

CAROL: http://lennysmind.blogspot.com.br/2016/01/carol.html
O QUARTO DE JACK: http://lennysmind.blogspot.com.br/2016/02/o-quarto-de-jack.html
JOY: http://lennysmind.blogspot.com.br/2016/02/joy-o-nome-do-sucesso.html
45 ANOS:  http://lennysmind.blogspot.com.br/2016/02/o-quarto-de-jack.html
BROOKLYN:  http://lennysmind.blogspot.com.br/2016/02/brooklyn.html

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