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A HORA MAIS ESCURA
Posted by Clenio
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00:38
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CINEMA 2013
Em 2009 a cineasta Kathryn Bigelow tornou-se a primeira mulher a ganhar um Oscar de direção por "Guerra ao terror", que lançava um olhar particular sobre a guerra do Iraque e os soldados americanos. Em seu novo filme, "A hora mais escura", a ex-mulher de James Cameron volta a falar sobre o conflito no Oriente Médio, mas dessa vez com um enfoque muito mais ambicioso: ao retratar a caçada que levou à morte de Osama Bin Laden, ela deixa de lado o intimista para se dedicar a um panorama maior e, portanto, mais sujeito a equívocos. Para sorte do público - e da crítica - ela deu um passo à frente em sua carreira. Indicado ao Oscar de Melhor Filme - mas não de melhor direção - seu novo trabalho é tecnicamente empolgante e, apesar de seu roteiro um tanto complexo para quem não é entendido nos conflitos descritos, lindamente executado.
Longe de ser o petardo patriota que poderia ser ao tratar de um tema como esse, "A hora mais escura" ganha pontos por deixar de lado a condescendência típica dos produtos ufanistas que tanto infestam o gênero. No roteiro do jornalista Mark Boal os americanos não são os inocentes heroicos que povoam os filmes de ação de Michael Bay tampouco os vilões sem alma retratados em filmografias antiimperialistas. Logo de cara o público é jogado em uma cena de tortura - método que será utilizado inúmeras vezes durante a projeção - para que a agente da CIA Maya (vivida por uma sempre competente Jessica Chastain) e seus colegas descubram informações a respeito do paradeiro do maior algoz terrorista já caçado pelos EUA. A partir daí a caçada é mostrada em detalhes, descrevendo Maya como uma obcecada e dedicada funcionária do governo que não desiste de jeito nenhum de seus objetivos, nem que isso tenha que colocá-la em rota de colisão com alguns superiores. E é ela quem liderará a busca por Bin Laden até o fatídico dia 06 de maio de 2011, quase dez anos depois da explosão das Torres Gêmeas.
Ao tentar dar a seu filme um aspecto de documentário - cortes abruptos, ângulos secos e uma edição linear - Bigelow se distancia do thriller político e dá uma cara nova a uma história que, apesar de ter estampado as manchetes de jornais do mundo inteiro, ainda não havia sido contada de maneira definitiva. Fotografado com extrema competência, "A hora mais escura" peca, no entanto, em não apresentar um ritmo mais ágil, o que acaba cansando a audiência antes de seu extraordinário clímax, que descreve detalhadamente o cerco ao terrorista e seu assassinato. Realizada com luz natural e câmera na mão, a sequência dura 25 minutos que valem o filme inteiro, deixando o público inserido de tal maneira na ação que é difícil não se deixar conquistar inteiramente.
Amplamente elogiado e premiado, "A hora mais escura" é a prova da inteligência e do talento de sua realizadora, uma cineasta engajada e politicamente ativa que sabe como poucas equilibrar técnica com arte - e a atuação de Jessica Chastain comprova a teoria. Não é um filme excepcional como vem sendo festejado, mas é relevante e potente. Bom programa para quem gosta de cinema sério.
Longe de ser o petardo patriota que poderia ser ao tratar de um tema como esse, "A hora mais escura" ganha pontos por deixar de lado a condescendência típica dos produtos ufanistas que tanto infestam o gênero. No roteiro do jornalista Mark Boal os americanos não são os inocentes heroicos que povoam os filmes de ação de Michael Bay tampouco os vilões sem alma retratados em filmografias antiimperialistas. Logo de cara o público é jogado em uma cena de tortura - método que será utilizado inúmeras vezes durante a projeção - para que a agente da CIA Maya (vivida por uma sempre competente Jessica Chastain) e seus colegas descubram informações a respeito do paradeiro do maior algoz terrorista já caçado pelos EUA. A partir daí a caçada é mostrada em detalhes, descrevendo Maya como uma obcecada e dedicada funcionária do governo que não desiste de jeito nenhum de seus objetivos, nem que isso tenha que colocá-la em rota de colisão com alguns superiores. E é ela quem liderará a busca por Bin Laden até o fatídico dia 06 de maio de 2011, quase dez anos depois da explosão das Torres Gêmeas.
Ao tentar dar a seu filme um aspecto de documentário - cortes abruptos, ângulos secos e uma edição linear - Bigelow se distancia do thriller político e dá uma cara nova a uma história que, apesar de ter estampado as manchetes de jornais do mundo inteiro, ainda não havia sido contada de maneira definitiva. Fotografado com extrema competência, "A hora mais escura" peca, no entanto, em não apresentar um ritmo mais ágil, o que acaba cansando a audiência antes de seu extraordinário clímax, que descreve detalhadamente o cerco ao terrorista e seu assassinato. Realizada com luz natural e câmera na mão, a sequência dura 25 minutos que valem o filme inteiro, deixando o público inserido de tal maneira na ação que é difícil não se deixar conquistar inteiramente.
Amplamente elogiado e premiado, "A hora mais escura" é a prova da inteligência e do talento de sua realizadora, uma cineasta engajada e politicamente ativa que sabe como poucas equilibrar técnica com arte - e a atuação de Jessica Chastain comprova a teoria. Não é um filme excepcional como vem sendo festejado, mas é relevante e potente. Bom programa para quem gosta de cinema sério.