1
Posted by Clenio
on
23:03
in
CINEMA 2013
Infelizmente o nosso "O palhaço" não foi escolhido para ser um dos finalistas ao Oscar 2013 de melhor filme estrangeiro. Se tivesse sido escolhido, porém, enfrentaria uma parada duríssima: não só seria tragado pelo devastador "Amor" - representante da Áustria e franco-favorito à estatueta - como ainda teria que disputar a atenção com outro produto latinoamericano, o chileno "No". Dirigido com economia e foco por Pablo Larraín e adaptado de uma peça teatral homônima escrita por Antonio Skarmeta (autor da obra que deu origem também ao cultuado "O carteiro e o poeta"), "No" faz parte do grupo de filmes com enfoque político que tomou a Academia este ano, como "Lincoln", "Argo" e "A hora mais escura", mas, ao contrário destes, foge do patriotismo exarcebado para contar a história dos bastidores de um dos mais importantes períodos da história recente do Chile.
A trama se passa em 1988, quando o General Ernesto Pinochet - depois de uma ditadura tão cruel quanto a que assolou o Brasil, com mortos, torturados e exilados ainda frescos na memória da população - promove um plebiscito que permitirá ao povo decidir se quer manter ou não sua permanência no poder. Para coordenar a campanha televisiva pelo NÃO, é chamado o jovem publicitário René Saavedra (Gael García Bernal), cujo pai sofreu nas mãos do governo ditatorial do general. Contando com um orçamento bem menos generoso e sofrendo com as ameaças - algumas veladas, outras nem tanto - do exército, o rapaz e seus colegas tentam convencer o povo, através de seus programas de 15 minutos diários, a mudar os destinos do país e encerrar uma época negra em sua história.
Utilizando raras imagens de arquivo, Larraín conta sua história sem apelar desnecessariamente para o exagero no tom político, agradando até mesmo àqueles que não são fãs do gênero. Principalmente por dar um tom leve a seu roteiro, ele prefere não enfatizar toda a violência do regime Pinochet, concentrando sua história na tentativa de René em fazer com que sua campanha saia vitoriosa - mesmo que isso ameace seu emprego, uma vez que seu chefe está no lado oposto da situação. É através dos olhos de René (em uma atuação competente de Gael) que o público enxerga os problemas do país, seus medos e sua esperança de uma vida menos sombria. É interessante também como Larraín dá voz - ainda que pequena - àqueles que preferiam a permanência do militar no poder, afinal, mesmo que todos saibam qual o resultado final do pleito, nem tudo foi tão unânime quanto deveria.
Mostrando um cinema chileno ainda pouco conhecido pelo grande público - o filme mais famoso do diretor é o perturbador "Tony Manero" - "No" é um representante bastante digno da América Latina na festa do próximo dia 24 de fevereiro.
A trama se passa em 1988, quando o General Ernesto Pinochet - depois de uma ditadura tão cruel quanto a que assolou o Brasil, com mortos, torturados e exilados ainda frescos na memória da população - promove um plebiscito que permitirá ao povo decidir se quer manter ou não sua permanência no poder. Para coordenar a campanha televisiva pelo NÃO, é chamado o jovem publicitário René Saavedra (Gael García Bernal), cujo pai sofreu nas mãos do governo ditatorial do general. Contando com um orçamento bem menos generoso e sofrendo com as ameaças - algumas veladas, outras nem tanto - do exército, o rapaz e seus colegas tentam convencer o povo, através de seus programas de 15 minutos diários, a mudar os destinos do país e encerrar uma época negra em sua história.
Utilizando raras imagens de arquivo, Larraín conta sua história sem apelar desnecessariamente para o exagero no tom político, agradando até mesmo àqueles que não são fãs do gênero. Principalmente por dar um tom leve a seu roteiro, ele prefere não enfatizar toda a violência do regime Pinochet, concentrando sua história na tentativa de René em fazer com que sua campanha saia vitoriosa - mesmo que isso ameace seu emprego, uma vez que seu chefe está no lado oposto da situação. É através dos olhos de René (em uma atuação competente de Gael) que o público enxerga os problemas do país, seus medos e sua esperança de uma vida menos sombria. É interessante também como Larraín dá voz - ainda que pequena - àqueles que preferiam a permanência do militar no poder, afinal, mesmo que todos saibam qual o resultado final do pleito, nem tudo foi tão unânime quanto deveria.
Mostrando um cinema chileno ainda pouco conhecido pelo grande público - o filme mais famoso do diretor é o perturbador "Tony Manero" - "No" é um representante bastante digno da América Latina na festa do próximo dia 24 de fevereiro.