0

NOVOS FILHOTES DE "O REENCONTRO"

Posted by Clenio on 20:42 in
Em 1983, Lawrence Kasdan lançou "O reencontro", que unia um time de respeito - Glenn Close, Kevin Kline, Jeff Goldblum, Tom Berenger e William Hurt, entre outros - para fazer um inventário dramático de uma geração que, pós-sonhos loucos dos anos 60, se via preso em uma redoma de comodismo e frustração. De lá pra cá cineastas de todos os calibres beberam na fonte de Kasdan, com resultados bem diferentes entre si. O que é mais interessante, porém, é como a mesma espinha dorsal pode servir dramaticamente a filmes com enfoques bastante diversos, dependendo de sua nacionalidade e das referências culturais de seus criadores. O italiano "Saturno em oposição", o francês "Até a eternidade" e o americano "10 anos" comprovam essa tese. Realizados por diretores de backgrounds opostos, eles renovam o estilo com obras que vão do ambicioso ao despretensioso. A boa notícia? Todos funcionam muito bem dentro de suas propostas.


SATURNO EM OPOSIÇÃO - A bem da verdade o filme do turco radicado italiano Ferzan Ozpetek nem é sobre reencontro, uma vez que as personagens nunca chegaram a se afastar no sentido mais literal do termo. O diretor de "Um amor quase perfeito" e "O primeiro que disse" mais uma vez exercita sua simpatia pelo universo glbt ao analisar as reações de um grupo de amigos de profissões e estilos de vida diferentes que se veem forçados a lidar com a inesperada doença de um deles, um jovem gay que sofre um AVC durante um jantar comemorativo. A partir daí, adultérios, ressentimentos e até mesmo o amor que sentem uns pelos outros acabam os unindo. Construindo algumas cenas de grande apelo visual e colocando-as lado a lado com um roteiro emocional, Ozpetek conquista aos poucos e dá a seu elenco (formado por atores que já trabalharam com ele em outras ocasiões, como a dupla Margherita Buy e Stefano Accorsi) possibilidades enormes de boas atuações.


ATÉ A ETERNIDADE - O representante francês do gênero pega mais pesado na emoção e no drama, talvez reflexo do momento catártico pelo qual passava seu roteirista e diretor na ocasião de sua criação. Guillaume Caunet (ator de filmes como "A praia" e "Apenas uma noite" e marido da atriz Marion Cottilard) forjou um filme onde pequenas mentiras acabam se tornando grandes problemas quando um grupo de amigos se reúne na casa de praia de um deles - como fazem em todo verão - mesmo sabendo que um deles (vivido pelo vencedor do Oscar Jean Dujardin em participação especial) está internado em um hospital, vítima de um acidente de moto. Nesse verão, veem à tona amores reprimidos, rancores escondidos e até pesadas discussões e agressões. No elenco que inclui a bela Cottilard e o ótimo François Cluzet, o diretor acerta em não privilegiar nenhuma história em especial, equilibrando sua narrativa com bastante eficácia até seu final devastador.


10 ANOS - O caçula do grupo é também o menos propenso a ficar na memória do espectador. Seguindo uma linha sessão da tarde para maiores, o filme de Jamie Linden - roteirista de "Querido John" fazendo sua estreia como diretor - aposta num registro mais leve e engraçado do tema, mesmo que dê algumas pinceladas de melancolia e sensibilidade. Levando-se em consideração que seu elenco é no mínimo uma década mais jovem do que os atores dos filmes italiano e francês, não se pode exigir muito, em especial porque o filme serve também para firmar Channing Tatum em Hollywood (ele é um dos produtores e contracena com sua mulher na vida real, a sem sal Jenna Dewan-Tatum). O rapaz - que vem se destacando em produtos como "Magic Mike" e "Anjos da lei" - é apenas um dos integrantes de um grupo de colegas de ensino médio que se reunem em uma festa de dez anos de formatura para descobrir que não amadureceram tanto quanto gostariam. Ele fica abalado ao reencontrar a ex-namorada (Rosario Dawson), o astro pop Reeves (vivido por Oscar Isaacs, de "W/E" e que tem a cena mais encantadora do filme) tenta conquistar a mulher por quem era apaixonado na época (Kate Mara) e para quem criou sua mais famosa música, o ex-babaca da turma (Chris Pratt) se revela ainda um idiota de marca maior depois que bebe, e dois amigos (Justin Long e Max Minghella) disputam as atenções da gostosona do grupo (Lynn Collins). O roteiro não é criativo e nem tenta ser. É apenas um entretenimento divertido e esquecível que cumpre o que promete e com certeza não atrapalhará a trajetória de Tatum ao estrelato.

|

Copyright © 2009 Lennys' Mind All rights reserved. Theme by Laptop Geek. | Bloggerized by FalconHive. Distribuído por Templates