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DEIXE-ME ENTRAR

Posted by Clenio on 21:29 in
Seguindo sua eterna mania de traduzir para seu mal-acostumado público filmes estrangeiros de sucesso, Hollywood achou por bem realizar uma versão americana do terror sueco "Deixe ela entrar", dirigido por Tomas Alfredson. O remake, comandado por Matt Reeves (que estava por trás das câmeras de "Cloverfield"), sofreu uma pequena alteração no título - se chama "Deixe-me entrar" (?!?!) - e, apesar de uma modificação crucial em relação a origem de sua protagonista, é bastante fiel ao filme original. Se beneficiando também da onda do momento - o vampirismo - é um trabalho que agrada aos fãs do gênero e pode até conquistar àqueles que procuram um bom filme mesmo não se interessando pelo assunto. Tudo graças ao clima impresso pelo visual caprichado e por seus dois atores principais, Kodi Smith-McPhee e Chloe Moretz.

Depois de ter emocionado a plateia com seu sensível trabalho em "A estrada", o pequeno Smith-McPhee volta a entregar um trabalho de alta qualidade como Owen, um menino tímido e introvertido que precisa lidar com a separação dos pais e com os ataques de bullying que sofre dos valentões da escola que frequenta. Isolado em seu mundo solitário, ele conhece e faz amizade com Abby (Chloe Moretz), uma menina misteriosa que tem uma relação mal-explicada com o pai e que mora na casa ao lado da sua. Quando vários violentos assassinatos começam a ocorrer nos arredores, Owen descobre que Abby é uma vampira, mas decide manter com ela - com quem compartilha um forte senso de solidão e inadequação - um relacionamento de confiança e amizade.

A grande sacada de "Deixe-me entrar" é não ser um produto de terror no sentido puramente convencional. Ao priorizar a relação entre Owen e Abby em detrimento de cenas sanguinolentas - ainda que apresente algumas sequências bastante violentas e convincentes - o filme mostra seu diferencial, se preocupando com seus personagens mais do que com sua vontade de assustar a qualquer preço. A excelente química entre Smith-McPhee e a garotinha Chloe Moretz é preciosa e de certa forma dispensa até mesmo outros atores: a mãe de Owen, por exemplo, nunca tem seu rosto mostrado e o "pai" de Abby aparece sempre envolto em sombras e escuridão. Até mesmo as cenas em que o suspense surge o diretor opta pela sutileza e pela discrição, filmando de longe ou protegido pela fotografia, que lembra muito sua origem nórdica. Sua preferência pelo não-explícito salva o filme do lugar-comum, mas paradoxalmente o afasta dos fãs de coisas como "Crepúsculo", onde a inteligência inexiste. Sem falar que, mesmo bem mais jovem, Smith-McPhee e Chloe Moretz são atores muito, mas muito melhores que Robert Pattinson e Kirsten Stewart.

"Deixe-me entrar" pode não ser um filme extraordinário ou avassaladoramente assustador. Mas tem qualidades em número suficiente para conquistar seu público-alvo.

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2 Comments


Preciso ver o original e este remake, que vem sendo muito elogiado!


Achei digno, apesar de desnecessário. Mas agora pelo menos os gringos podem acompanhar esta bela história sem legendas, já que são preguiçosos como a maioria dos brasileiros, ou xenófobos mesmo, ou as duas coisas.

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