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A ÚLTIMA ESTAÇÃO
Posted by Clenio
on
17:01
in
CINEMA 2011
Um dos maiores autores de todos os tempos, Liev Tolstoi morreu em 1910 em uma melancólica estação de trem, dividido entre o desapego material que pregava em seus últimos trabalhos e a dívida de honra e responsabilidade com a numerosa família - em especial a esposa, a Condessa Sofya, que exigia que os direitos da obra do escritor ficassem de posse dos filhos e não do povo, como queria o autor de "Anna Karenina". Os derradeiros dias de Tolstoi - e a briga de egos entre a condessa e seu arqui-inimigo Vladimir Chertkov - foram retratados no romance "A última estação", escrito pelo jovem americano Jay Parini - publicado no Brasil pela Record. Sua adaptação para o cinema, feita por Michael Hoffman (diretor das comédias românticas "Um dia especial" e "Tinha que ser você") é correta e eficiente, ainda que nunca brilhante. A narração em diversos pontos de vista que dava dinamismo e inteligência ao livro foi subsituída por um roteiro linear, mais palatável às grandes audiências. Sendo assim, na versão para as telas, a história é vista através dos olhos do jovem Valentim Bulgakov, futuro autor de livros como "O mestre e margarida".
Interpretado pelo excelente James McAvoy, Bulgakov assume o papel do público, testemunhando a guerra declarada entre a Condessa e Chertkov, amigo de Tolstoi e que o incentivava a legar sua obra ao povo que o amava. Contratado por Chertkov para lhe manter informado sobre os acontecimentos relativos ao relacionamento entre a condessa e o escritor, o jovem aprendiz acaba entendo os pontos de vista de Sofya, uma mulher determinada a manter para sua numerosa prole as vantagens financeiras da obra do autor de "Guerra e paz". Tornando-se seu amigo e confidente, Bulgakov ouve dela suas lembranças amorosas em relação a seu casamento, mas ao mesmo tempo sente-se um traidor da causa tolstoiana a questionar as intenções de Chertkov e, mais ainda, ao enamorar-se de Masha (Kerry Condon), também uma admiradora do autor russo.
O mérito maior de "A última estação" nem é o fato de contar uma parte pouco conhecida da história do escritor russo de maior influência no mundo literário - ao lado de Dostoievski. As maiores qualidades do filme de Hoffman atendem pelos nomes de Christopher Plummer, Helen Mirren e James McAvoy. Nas peles dos três protagonistas do filme, os atores ingleses mostram como atuações intensas podem compensar um roteiro pouco inventivo. O veterano Plummer só não ganhou o Oscar de coadjuvante do ano passado porque bateu de frente com o imbatível Christoph Waltz de "Bastardos inglórios": sob seu prisma, Tolstoi é um escritor bem-intencionado com dúvidas reais a respeito do destino de sua bibliografia e de suas relações interpessoais. A ótima Helen Mirren - recebendo créditos para torrar em filmes como "RED" - também concorreu ao Oscar por seu retrato intenso e repleto de nuances como Sofya Tolstoya: indo da delicadeza à histeria, do pragmatismo odioso ao romantismo deslavado, Mirren está estupenda, principalmente no ápice de suas crises melodramáticas - "Você precisa é de um coro grego!" , exclama seu marido diante de uma delas. E James McAvoy mostra mais uma vez porque é um dos atores mais talentosos de sua geração, criando um jovem Bulgakov sensível, romântico e dedicado - suas cenas com Plummer ecoam o relacionamento dos protagonistas de "A morte de Ivan Ilitch" (obra de Tolstoi que narra os últimos dias de um homem de idade e sua relação com um jovem que perto de si) e os encontros dos dois são registros de duas gerações de grandes atores. McAvoy ainda vai muito longe, acreditem.
"A última estação" é um filme que precisa ser visto, porque é o palco de grandes interpretações e porque apresenta um capítulo pouco conhecido da história da literatura mundial. É um filme de categoria, que, nas mãos de um diretor mais experiente poderia ter sido uma obra-prima. Infelizmente, dirigido pelo apenas correto Michael Hoffman não chega a atingir suas possibilidades. Ainda assim, um programa bastante inteligente.
Mais cinema em http://www.confrariadecinema.com.br/
http://www.clenio-umfilmepordia.blogspot.com/
http://www.cinematotal.com.br/
Interpretado pelo excelente James McAvoy, Bulgakov assume o papel do público, testemunhando a guerra declarada entre a Condessa e Chertkov, amigo de Tolstoi e que o incentivava a legar sua obra ao povo que o amava. Contratado por Chertkov para lhe manter informado sobre os acontecimentos relativos ao relacionamento entre a condessa e o escritor, o jovem aprendiz acaba entendo os pontos de vista de Sofya, uma mulher determinada a manter para sua numerosa prole as vantagens financeiras da obra do autor de "Guerra e paz". Tornando-se seu amigo e confidente, Bulgakov ouve dela suas lembranças amorosas em relação a seu casamento, mas ao mesmo tempo sente-se um traidor da causa tolstoiana a questionar as intenções de Chertkov e, mais ainda, ao enamorar-se de Masha (Kerry Condon), também uma admiradora do autor russo.
O mérito maior de "A última estação" nem é o fato de contar uma parte pouco conhecida da história do escritor russo de maior influência no mundo literário - ao lado de Dostoievski. As maiores qualidades do filme de Hoffman atendem pelos nomes de Christopher Plummer, Helen Mirren e James McAvoy. Nas peles dos três protagonistas do filme, os atores ingleses mostram como atuações intensas podem compensar um roteiro pouco inventivo. O veterano Plummer só não ganhou o Oscar de coadjuvante do ano passado porque bateu de frente com o imbatível Christoph Waltz de "Bastardos inglórios": sob seu prisma, Tolstoi é um escritor bem-intencionado com dúvidas reais a respeito do destino de sua bibliografia e de suas relações interpessoais. A ótima Helen Mirren - recebendo créditos para torrar em filmes como "RED" - também concorreu ao Oscar por seu retrato intenso e repleto de nuances como Sofya Tolstoya: indo da delicadeza à histeria, do pragmatismo odioso ao romantismo deslavado, Mirren está estupenda, principalmente no ápice de suas crises melodramáticas - "Você precisa é de um coro grego!" , exclama seu marido diante de uma delas. E James McAvoy mostra mais uma vez porque é um dos atores mais talentosos de sua geração, criando um jovem Bulgakov sensível, romântico e dedicado - suas cenas com Plummer ecoam o relacionamento dos protagonistas de "A morte de Ivan Ilitch" (obra de Tolstoi que narra os últimos dias de um homem de idade e sua relação com um jovem que perto de si) e os encontros dos dois são registros de duas gerações de grandes atores. McAvoy ainda vai muito longe, acreditem.
"A última estação" é um filme que precisa ser visto, porque é o palco de grandes interpretações e porque apresenta um capítulo pouco conhecido da história da literatura mundial. É um filme de categoria, que, nas mãos de um diretor mais experiente poderia ter sido uma obra-prima. Infelizmente, dirigido pelo apenas correto Michael Hoffman não chega a atingir suas possibilidades. Ainda assim, um programa bastante inteligente.
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