O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO - OBRA-PRIMA OU ALUCINAÇÃO COLETIVA?
Sou completamente contra esse negócio de ser "obrigado" a ler obras clássicas. Por que eu perderia meses da minha vida tentando entender "Ulisses", de James Joyce se nesse mesmo período de tempo eu poderia tranquilamente ler e conhecer obras contemporâneas que poderiam me dizer muito mais? Sim,algumas obras tem que ser lidas, mas não compulsoriamente e sim por merecimento - e na hora certa, também. Como um pirralho de doze anos vai gostar de "Dom Casmurro" por melhor que ele seja? Deixa ele ler "Harry Potter"... um dia ele chega até Bentinho e Capitu, pelas próprias pernas, naturalmente.
Todo esse rodeio é só pra deixar bem claro que eu adoro literatura de qualidade, respeito os clássicos, admiro os grandes escritores, mas nunca gostei daquele que é considerado um dos ícones literários dos anos 60. Digam o que quiserem, mas considero "O apanhador no campo de centeio" um dos livros mais maçantes jamais escritos nos EUA. Tudo bem, agora ele vai ter seu status de cult ainda mais aguçado devido à morte de seu autor J.D. Salinger, mas nem isso vai me convencer a gostar de sua obra mais famosa.
Li "O apanhador" no início da faculdade, em 1995 ou 1996. Tinha curiosidade, afinal, era o livro preferido da Madonna, tinha ligação com a morte do John Lennon, enfim, era um cult por excelência. Li e achei um porre. Achei o protagonista um rapaz chatíssimo, reclamão, rebelde sem causa e sem ritmo. Em 2003 li de novo. Estava chegando aos 30 anos, de repente tinha uma visão mais abrangente do conteúdo. E eis que novamente achei de um aborrecimento atroz. Por fim, mais uma tentativa no ano passado e dessa vez tive a certeza de que não bate em mim como provavelmente bateu em tanta gente. Se Mark David Chapman surtou a ponto de matar Lennon depois de lê-lo é uma questão a ser discutida - e aí o assunto é bem outro.
Não digo que seja ruim, muito pelo contrário. Se consegue ser tão importante e pra tanta gente, deve ter algo que eu definitivamente não percebi. Sendo assim, reitero a minha opinião de que vale mais a pena ler um Paulo Coelho que nos diga algo do que um Tolstoi que nos empurram goela abaixo (nada contra Tolstoi, muito pelo contrário...) O que vale é ler, ter prazer em ler e utilizar a leitura como alucinógeno...