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THAT I WOULD BE GOOD

Posted by Clenio on 11:44 in ,

Sim, eu prometi a mim mesmo que estaria sempre bem.

Que eu estaria bem mesmo se o dia estivesse chuvoso, frio e solitário. Que eu estaria bem mesmo que as coisas não acontecessem do jeito exato que eu esperava - e elas quase nunca acontecem. Que eu estaria bem mesmo depois de uma noite insone. Que eu estaria tranquilo mesmo que a imagem que eu visse no espelho não fosse aquela que eu sonhava.

Eu jurei a mim mesmo que eu estaria sempre em paz, mesmo que por dentro um turbilhão de pensamentos e sentimentos estivesse tomando conta de mim. Jurei que acontecesse o que acontecesse eu não deixaria de acreditar que a vida pode melhorar e que as pessoas são inerentemente boas.

Eu garanti a mim mesmo que não mais entregaria minha auto-estima e a crença em minhas capacidades nas mãos de quem não soubesse valorizá-las. Jurei que estaria sempre bem mesmo que essas mãos não fossem capazes de perceber o quão valiosos e frágeis são esses sentimentos. Jurei que estaria bem mesmo com críticas jogadas a meu rosto e uma conta bancária negativa.

Na verdade, acreditei que estaria bem mesmo se tudo parecesse voltar-se contra mim. Mesmo que o amor que eu entregasse voltasse de forma a me machucar. Mesmo que eu me ferisse, física ou sentimentalmente, tinha certeza absoluta de que sempre estaria bem. Prometi, sim, que estaria bem mesmo se fosse abandonado, desrespeitado ou incompreendido. Garanti a todos, e à minha pessoa principalmente, que estaria ótimo mesmo se o meu grande amor um belo dia descobrisse que o amor que eu sinto não é o suficiente pra manter um casal aquecido.

Eu pensava que, mesmo fisicamente decadente, eu estaria bem. Que, ainda que sem dinheiro, sem posses, sem nada além de mim, eu seria capaz de ficar bem. Que eu estaria fantástico mesmo sem mãos segurando as minhas no cinema ou com uma respiração silenciosa a meu lado na cama. Pensava que estaria maravilhosamente bem mesmo que a idade chegasse, que a experiência me gritasse que a vida não é tão maravilhosa quanto dizem ou que todos os meus entes queridos fossem saindo de cena aos poucos.

Eu pensei que estaria bem apenas com meu trabalho, meus amigos e meus discos e livros. Pensei que estaria bem sem alguém pra amar. Jurei que estaria bem com ou sem você...

Mas é difícil acreditar em mim mesmo.

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3 Comments


Adorei o que tu escreveu.
Virarei leitora assídua do blog, parabéns.
Tu é talentoso, continue assim.


Baby, muuuuuuuuito bom, peguei um pouco pra mim... bju


Querido, mesmo sem conhecer você pessoalmente, a não ser no dia da apresentação da peça a que fui assistir (linda, por sinal), sinto que temos realmente um entendimento grande a respeito da maneira como pensamos a vida. Levamos tudo e todos em consideração em relação a nós mesmos. Isso é uma virtude, por um lado, denota a nossa sensibilidade na interação com o nosso semelhante. Por outro lado,ficar tão ligado ao que a outra pessoa vai pensar a nosso respeito, não faz tanto bem assim. Não podemos deixar de agir coerentemente com as nossas convicções. Dane-se o que os outros irão pensar ou dizer de nossas atitudes, nós é que temos de ter responsabilidade com o que pensamos deles no sentido de fazermos a nossa parte e ficarmos com a consciência tranquila. Vejo, pelos seus escritos maravilhosos, que está passando por um momento de introspecção e, ao mesmo tempo, de grandes decepções e questionamentos. Bom sinal, nada melhor do que a reflexão, do que aquele mergulho interior na busca da sedimentação da nossa personalidade. Noto, querido amigo do meu coração, que você se cobra muito, relaxa um pouco, não seja você mesmo o seu próprio algoz. Permita-se errar, permita-se fazer as coisas que sentir vontade (logicamente que não venham a machucar outrem), permita-se ser feliz neste mundo insano, permita-se acertar, permita-se ser você mesmo sem fantasias nem exageros, sem máscaras, permita-se amar a si próprio, permita-se amar outra pessoa sem querer planejar nada. Na verdade, as pessoas mais sensíveis, artistas como você,como eu, têm uma tendência maior ao sofrimento, porque desde sempre aprendemos a nos colocar no lugar do outro, ainda mais em se tratando de ator, do teatro, que trabalha a representação de vários mundos. Aprenda a contar com as imperfeições das pessoas, aprenda a contar com as suas, com as minhas imperfeições, mas também aprenda a olhar as coisas boas que cada um de nós traz em sua bagagem interior. Não se esqueça de que vivemos numa sociedade líquida, pós-moderna, onde tudo , mas tudo mesmo, é instável e efêmero...às vezes nem chega a ser e já se foi. Tudo isso fruto de uma mentalidade consumista e descartável. Conta comigo sempre e, se um dia pudermos dar uma saída, a fim de tomarmos um café juntos, poderemos esquecer o tempo conversando sobre a vida, sobre as nossas vidas. Beijão!

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