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O LOBISOMEM
Posted by Clenio
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CINEMA
Joe Johnston não é Francis Ford Copolla. É preciso ter isso em mente quem se propõe a passar cento e poucos minutos em uma sala de cinema assistindo a "O lobisomem", que Johnston dirigiu baseado nos clássicos dos anos 40. A comparação não é nem um pouco infundada: em 1992, Copolla comandou "Drácula de Bram Stoker", uma estupenda versão da história do Conde vampiro mais famoso da literatura e das telas. Nitidamente inspirado pelo filme de Copolla, o diretor de "Querida, encolhi as crianças", "Jumanji" e "Jurassic Park III" (belo currículo!!) apresenta a seu público uma atmosfera gótica bastante interessante (cortesia de uma competente direção de fotografia de Shelly Johnson), uma trilha sonora com acordes surpreendentesmente similares à bela partitura que Wojciech Kilar criou para o filme de Copolla (composta aqui por Danny Elfman) e o mesmo Anthony Hopkins que viveu um Van Helsing anos-luz mais verossímil do que aquele vivido por Hugh Jackman.
Em "O lobisomem", Hopkins vive John Talbot, um homem solitário e misterioso que vive em uma pequena cidade da Inglaterra no ano de 1891. Depois da estúpida morte do filho caçula, ele recebe a visita do primogênito, o ator de teatro Lawrence Talbot (Benicio del Toro), que, investigando a causa da morte do irmão - que não via há anos, desde o trágico desaparecimento de sua mãe - descobre que ele foi vítima de um lobo. Atacado pelo mesmo animal, ele aos poucos começa a perceber que, nas noites de lua cheia, se transforma em um lobisomem selvagem e violento. Sem saber o que fazer com o monstro que agora vive dentro dele, Lawrence resolve afastar-se da mulher que ama, a bela Gwen (Emily Blunt), que era noiva de seu irmão.
Não há nada de novo em "O lobisomem". Isso poderia jogar a seu favor - sem precisar inventar muito, a história poderia ser contada com mais detalhes, mais cuidado e até mais realismo, mesmo tratando-se de um filme de horror. Mas no caso, é um ponto negativo: há uma óbvia preguiça de desenvolver as personagens, os relacionamentos e até mesmo as cenas de ação. Os efeitos visuais e de maquiagem são muito bem feitos e visualmente o filme é plenamente elogiável. Mas falta alma a "O lobisomem". Não há, no roteiro - cujo co-autor é Andrew Kevin Walker que escreveu o sublime "Seven" - nenhum espaço para subtextos ou investigações psicológicas maiores e até mesmo a cena em que Hopkins enfrenta seu filho dentro de uma cela parece escrita às pressas. De posse de um elenco como o que tem - e que ainda conta com o ótimo Hugo Weaving como um investigador da Scotland Yard - tinha tudo pra se tornar uma releitura definitiva do gênero, assim como "Drácula de Bram Stoker". No entanto, resolveu ser apenas uma sessão da tarde feita com extrema competência técnica. É legal, mas não brilhante. Talvez porque Joe Johnston não seja um Francis Ford Copolla.